Nasci em Veredinha, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Região muito pobre, sem oportunidades.
Assim sendo, a exemplo de muitos da minha geração e de gerações anteriores, decidi migrar em busca de melhores condições de vida.
Passei por vários lugares e em 1978 me estabeleci em Guarulhos. Trabalhei em diversos empregos, em funções como ajudante no comércio, vigilante bancário e depois metalúrgico, no grupo Microlite.
Quando aqui cheguei, era analfabeto. Por não entender os letreiros dos ônibus, aprendi a escolher o coletivo pela cor. Depois, fiz Mobral. Depois, estudei no Sesi. Ao longo da minha vida, fiz muitos outros cursos, no Brasil e no Exterior.
Guarulhos era uma floresta de fábricas, tínhamos um parque industrial grande, potente, que empregava dezenas de milhares de trabalhadores.
A inauguração do Aeroporto de Cumbica, em 1985, foi um divisor de águas na história da cidade, por conectar Guarulhos com o mundo. O aeroporto é hoje a principal célula econômica do Município.
Guarulhos tem o nono PIB industrial do Brasil. Em termos gerais, somos o 12º PIB nacional. Nosso principal produto ainda são máquinas e aparelhos. Em 2017, a renda per capita estava em R$ 41,3 mil por ano.
Guarulhos cresceu depressa, mas sem planejamento. Os gargalos da cidade são muitos: pouco saneamento básico, trânsito lento e confuso, déficit de moradias, falta de infra-estrutura inclusive em zonas fabris, rede pública de saúde insuficiente, entre outros.
Cada prefeito, uns mais, outros menos, procura melhorar a cidade. Mas erra na forma, pois não engaja a sociedade em seu projeto de gestão. Assim, o poder público se distancia dos moradores e estes não se sentem motivados a participar, a pensar a cidade, a propor soluções.
Dia 1º de janeiro, o prefeito Guti assume o segundo mandato. Esperamos que estabeleça diretrizes claras e cumpra metas. Esperamos que eleve o padrão de gestão do governo, chamando a população a participar e a contribuir.
Afora isso, ele terá que ser ágil no combate à Covid-19, na formação de frentes de trabalho e na garantia de alguma forma de renda mínima aos mais pobres.
Os metalúrgicos, assim como os demais trabalhadores, estão dispostos a debater propostas e a ajudar. Somos uma cidade trabalhadora. Não há como governar Guarulhos sem ter os trabalhadores na linha de frente.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical