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O dilema dos agrotóxicos
terça-feira, 6 de julho de 2010
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A discussão em cima do uso de agrotóxicos é algo que há anos delimita batalhas entre ambientalistas e agricultores, e dentro desta segunda ordem, ainda há a contenda sobre o uso de químicos e a produção orgânica.
Ambos tipos de cultivo estão em crescimento no país. Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), demonstram um aumento de 7,8% na comercialização de fertilizantes nos quatro primeiros meses de 2010, são 5,5 milhões de toneladas em relação aos 5,1 entregues nos durante o ano passado. Já o setor de orgânicos cresce anualmente a uma porcentagem que gira em torno dos 40%, sendo que 60% de sua produção é destinada ao mercado externo, e que apenas 2% dos agricultores utilizam esta técnica de cultivo. Parte deste crescimento, extremamente positivo, está ligada à regulamentação destinada a este tipo de produção.
É óbvio que uma utilização excessiva e sem preocupações ambientais pode ser muito prejudicial para a gama de elementos envolvidos neste processo: desde a natureza que absorve as químicas, passando pelos produtores, principalmente os pequenos, que pagam um alto preço pelos produtos e manipulam inadequadamente este material, pois não tem acesso a um acompanhamento técnico eficiente para auxiliá-los, chegando até o consumidor final. Um bom exemplo brasileiro a ser seguido pelos países desenvolvidos é que nós recolhemos e reciclamos 95% das embalagens de defensores agrícolas que vão ao mercado, sendo que os últimos números do InpEV apontam quase 30 mil toneladas de embalagens que foram recolhidas.
Em contrapartida há o fator de sua utilização para garantir uma boa produtividade, atendendo a demanda sempre crescente, e eliminar determinadas doenças que também são prejudiciais para os consumidores e ao produtor, que pode ter sua safra inutilizada, lhe causando prejuízos financeiros. Sendo que no país não há ainda um seguro de safra eficiente para dar garantia dos investimentos feitos na produção.
Agora, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) está tentando instituir certa ordem para tais insumos, pois estão propondo a criação de conselhos regionais para discutir as necessidades de registros de agrotóxicos para pequenas culturas. Isto pode trazer benefícios aos pequenos agricultores, facilitando a destinação adequada de seu uso, garantindo melhor eficiência e segurança para a produção e o menor impacto possível à natureza. Além de abrir espaço para uma melhora nos preços, o que resulta em mais capital para investimento em outras áreas de uma propriedade.
O que também se faz necessário é o investimento por parte dos governos em subsidiar apoio especializado para atender aos pequenos produtores. Com a participação in loco de técnicos e engenheiros agrônomos subsidiados pelos governos, eles estarão atuando juntamente aos agricultores na utilização adequada dos agrotóxicos, bem como de todo o potencial das propriedades, culturas e regiões, a fim de conquistar melhores resultados, tanto econômicos, quanto de impacto ao ambiente.
Caso haja uma aplicação efetiva para que o pequeno agricultor tenha à sua disposição acompanhamento especializado e insumos adequados à sua lavoura, ele poderá atuar para garantir o melhor desempenho na produção e contribuindo para o uso correto dos recursos naturais.
Elias David de Souza é presidente em exercício da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp).