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O mau passo de um deputado
quarta-feira, 23 de maio de 2012
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A palavra sabotagem vem do francês sabot, tamanco. Para desorganizar a produção fabril um operário enfiava o tamanco nas engrenagens, danificando o sistema. Assim como houve o ludismo inglês, a luta contra as máquinas e sua destruição, a sabotagem foi um recurso desesperado dos trabalhadores antes que se fortalecesse a organização sindical. Os trabalhadores aprenderam que o gesto individual, mesmo agressivo e criador de problemas, não facilitava o atendimento de suas reivindicações e, em geral, fortalecia o patronato que o reprimia, violenta e maciçamente. A ação coletiva, organizada e consciente, a greve, impôs-se como o método de luta mais eficiente dos trabalhadores.
Na história sindical do Brasil jamais houve o recurso sistemático à sabotagem e se algum caso aconteceu foi isolado e anormal, fruto do desespero. Pelo contrário, uma das táticas mais utilizadas tem sido a operação padrão ou operação tartaruga que retarda a produção e os serviços por sua realização criteriosa segundo normas escritas.
O movimento sindical como um todo, portanto, deve repudiar o escandaloso comportamento de um deputado estadual que, a serviço dos mais baixos instintos repressivos, alardeia que os sucessivos acidentes nos trens e no metrô de São Paulo são resultados de sabotagem dos trabalhadores, tentando com isto envenenar o ambiente e criar mais confusão, ocultando as verdadeiras causas e perturbando as negociações salariais em curso.
E, quando os metroviários e os ferroviários de São Paulo decretam greve depois de tentarem a tática da catraca liberada, deve apoiá-los naquilo que sua luta tem de justificado: as reivindicações salariais e a intransigência do governo estadual e das empresas.
João Guilherme Vargas Neto, Consultor Sindical