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Os 20 anos da Força Sindical: uma história viva
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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No ano em que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, o escritor José Saramago, falecido em 18 de junho deste ano, disse que se pudesse mudar o passado viveria novamente sua vida como ela foi, mesmo com o que há “de triste, de mal, de feio”. Ele fazia referência à sua origem humilde, camponesa, e ao grande esforço que empreendeu para conquistar cultura e distinção. Saramago deixou claro, nesta frase, que suas dificuldades e seus caminhos deram-lhe a força e a sensibilidade que podemos ler em sua obra.
Embora pareça distante da realidade sindical, este epígrafe ilustra a importância da história. Demonstra que somos resultado daquilo que vivemos e que seremos, no futuro, o desdobramento de nossas atuais escolhas e ações.
Neste sentido, pesa para a Força Sindical o fato de não ter ainda a devida apropriação de sua história. Mesmo que existam publicações que contem ou façam este tipo de referências, não há ainda um trabalho de fôlego aprofundado, que seja fruto de nossa própria reflexão, de nossa autocrítica e de nossos aprendizados.
Em 2011 a Força Sindical completará duas décadas de existência. A aproximação desta data nos instiga a pensar sobre as razões que deram origem à sua criação e porque a Central cresceu tanto nos seus vinte anos de vida.
Os desafios postos no nascimento da Força Sindical, em 1991, eram grandes. Era uma época de recessão econômica, dispersão do movimento sindical e de crise do socialismo, com a queda do muro de Berlim (1989), que dava o tom dos movimentos sociais.
A atitude independente e apartidária da Central nos primeiros anos fez dela uma alternativa realista de ação social naqueles conturbados anos da década de 1990. A Força Sindical trouxe novidades como o modelo do sindicato cidadão e a abrangência dos desempregados e aposentados, e não apenas filiados aos sindicatos filiados, em suas ações. Além disso, segundo exemplo de grandes sindicatos europeus, a Força passou a desenvolver programas sociais em parceria com empresas do setor privado e com o Estado. Atitude polêmica, que instigou o debate acerca das novas relações de trabalho, do papel do Estado e da ação sindical.
Com o passar dos anos, entretanto, a própria dinâmica do movimento social, o surgimento de novas centrais sindicais e o diálogo do movimento sindical com a política nacional exigiu que a Força apresentasse uma linha ideológica mais nítida. Seu perfil progressista vem, então, se fortalecendo desde meados dos anos 2000, com a eleição do governo de Luis Inácio Lula da Silva.
Para marcar o vigésimo aniversário da Força Sindical a Secretaria de Memória Sindical e o Centro de Cultura e Memória Sindical propõem a realização deste projeto de resgate da sua história. Acreditamos que a combinação deste levantamento com a análise do quadro atual permitirá definir os principais elementos de sua identidade e explicitar os caminhos que a levaram ao posto de uma das principais entidades sindicais no Hemisfério Sul.
Para isso analisaremos os documentos escritos pela Central nestes anos, buscaremos notícias em arquivos de jornais, usaremos livros sobre o assunto, inserindo sempre a pesquisa no contexto da sociedade brasileira. Mas queremos ir além da pesquisa bibliográfica. Nosso maior esforço se concentrará em ir à busca das pessoas que fizeram e fazem a Força Sindical ser o que é. Acreditamos que através de entrevistas e depoimentos poderemos constituir um material rico e dele desprender uma história viva, verdadeira, concreta.
História que fez da Força Sindical uma grande referência para questões de trabalho no Brasil.
Milton Baptista de Souza (Cavalo) é Secretário de Cultura e Memória Sindical da Força Sindical, Presidente do Centro de Memória Sindical e Diretor Tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região.