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Sobre o Carnaval da Bahia….( PARTE I)
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
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Não é de hoje que teóricos , professores , intelectuais, militantes levantam altas criticas sobre o carnaval Brasileiro e mais principalmente o baiano. Alguns arriscam falar que o Carnaval Baiano nada mais é do que um “espectro” do funcionamento real da sociedade baiana, com seus estratos, divisões e “aparthaid” velado. Por mais que acenemos positivamente para o entendimento de que o Carnaval baiano tem evoluído principalmente na perspectiva do cenário étnico com o advento e a ploriferação dos blocos afro e a criação do recente Afródomo, ainda sim nos resta reificar o questionamento que nos serve, e nos mobiliza. Qual é o lugar do povo no Carnaval baiano ? Esse questionamento não se restringe somente ao lugar físico…mas principalmente ao lugar social na composição da festa momesca. Se tomarmos como referência o desenho social do Carnaval podemos perceber que o “o povo” esta somente da arregimentação de serviços na confecção física e na manutenção da festa ou seja do “lado de fora” da fora.
Entenda-se: cordeiros são aquelas pessoas (homens e mulheres) encarregadas de carregar as cordas que protegem os integrantes dos blocos carnavalescos. Normalmente, os cordeiros são os pobres da sociedade baiana: negros, analfabetos, pobres da periferia desta “cidade da alegria” que, por R$ 50,00 por dia (diária proposta pelos donos dos blocos para o carnaval de Salvador 2014), darão proteção aos foliões (baianos e turistas) dos blocos.
Além disso, os blocos afro (ou pelo menos aqueles sem grande destaque na mídia festiva brasileira) e outras entidades carnavalescas relevantes para a cultura local, mas sem apoio dos órgão governamentais, são discriminados. Estes são obrigados a desfilarem às altas horas da madrugada, longe dos holofotes e das câmeras de TV, pois compõem parte da cidade que muitos não reconhecem.
Assim é o carnaval midiático de Salvador, Bahia: de qualidade musical duvidosa, excludente, violento e revelador da discriminação racial latente durante os demais dias do ano. Então o Carnaval da Bahia não é um terreno para todos…
Vitor Costa, secretário de Políticas Raciais e Relações Interétnicas do Sintepav BA