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Um silêncio ensurdecedor para abaixar os juros
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
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Sexta-feira, 12 de maio de 1978, sete horas da manhã. Um mito cinematográfico reza que o delegado sindical Gilson Menezes subiu em sua bancada para falar com os colegas trabalhadores e estes, para ouvi-lo, desligaram as máquinas. Começava a greve da Scania.
Os trabalhadores aprenderam que, às vezes, para serem ouvidos têm que fazer silêncio com as suas máquinas, pararem a produção com greve; às vezes têm que ser ruidosos em suas manifestações ou aprovarem, com gestos decididos, suas pautas e reivindicações.
Tudo isto aconteceu ou foi proposto no ato conjunto organizado pela Fiesp, Força Sindical, CUT, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e outras entidades pela derrubada dos juros, por emprego e produção, na última terça-feira em São Paulo. Empresários engravatados e ativistas sindicais com suas camisetas e bandeiras fizeram a festa.
Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em uma intervenção forte, denunciou o caso de uma empresa de sua base que corre o risco de fechar e demitir 700 trabalhadores sob pressão dos importados. Vagner Gomes, presidente da CTB, reafirmou a necessidade do crescimento com distribuição de renda. Paulo Skaf, presidente da Fiesp, escorchou a jurolândia – a massa de salário anual do Brasil corresponde a bem menos que quatro anos de dinheiro transferido aos rentistas.
Foi uma manifestação grandiosa, simbólica e efetiva que deu prosseguimento ao seminário do Moinho Santo Antônio e à manifestação unitária na Via Anchieta. O manifesto lido teve o apoio de muitos economistas, professores e acadêmicos que deram o aval qualificado à exigência na queda dos juros.
Quero destacar a intervenção do Paulinho da Força que, incorporando o espírito de Gilson Menezes e revisitando o mito da Scania, propôs que o movimento contra os juros altos organize, em uma das próximas reuniões do Copom, uma paralisação generalizada da indústria (e de todos os setores produtivos) para que o silêncio das máquinas e a expectativa dos empresários sejam ouvidos pelos dirigentes do Banco Central fazendo-os persistir na estratégia de abaixamento da taxa Selic e afastando-os da barulheira dos rentistas.
João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical