Por Zoel Garcia Siqueira
Neste 15 de novembro, completam-se 134 anos da troca da monarquia pela república. Em 1889, uma quartelada do exército substituiu o governo da família real por um eleito pelo povo. Antes, o mandato era transmitido de forma hereditária e não tinha prazo final. Muitas vezes, era vitalício. O rei ou rainha governava até a morte e o sucessor era da própria família.
O novo mandato, de quatro anos, não permitia a reeleição. O povo passou a eleger o presidente. Mas que povo? A constituição de 1891 determinava que só os homens alfabetizados podiam votar. Mulher não podia, assim como militares de baixa patente e religiosos, que faziam votos de obediência. Assim, menos de dez por cento da população compunha o eleitorado.
Daí a famosa frase do jornalista Aristides Lobo, fervoroso defensor do movimento republicano, fortalecido após a guerra da tríplice aliança, também conhecida por guerra do Paraguai: ‘O povo assistiu bestializado a proclamação da república’. No artigo sobre aquele 15 de novembro, liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, colocando fim à monarquia e estabelecendo a república, Aristides apontou a não participação do povo no movimento.
Publicado em forma de carta no jornal ‘Diário Popular’, o jornalista destacou, no entanto, que, no futuro, haveria maior participação da sociedade civil para as transformações necessárias no país. Hoje, passado quase um século e meio, realmente as condições de vida da população e sua participação política melhoraram. As mulheres, os analfabetos, os militares de baixa patente e os religiosos agora votam.
Porém, é notória a falta de interesse de grande parte da população em participar do processo político. Há o direito de votar. Mas há também visível dificuldade em saber votar. Os políticos têm grande rejeição pelo fato da maioria querer o poder apenas com finalidades financeiras. Mas isso haverá de mudar com o crescimento da consciência popular. Por isso, viva a república.
Zoel é professor, formado em história com especialização em sociologia, presidente do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá e vice-presidente municipal do PDT