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Imprensa
Apenas 25% dos trabalhadores noturnos ficam no emprego por um ano
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Imprensa
Conforme sindicato, empregados trocam de empresa na primeira chance.
Falta de especialização e desvalorização salarial desanima trabalhadores.
Carolina Mescoloti
Encontrar profissionais para exercer funções como garçons, atendentes e auxiliares de cozinha têm sido cada vez mais difícil. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Hospedagem e Gastronomia de Presidente Prudente e Região (SINTCHOGASTRO-PPR), Antônio Jesualdo Pereira de Oliveira, muitos profissionais, quando têm a oportunidade de mudar de ramo e trabalhar no período diurno, optam por deixar suas funções. “A rotatividade é grande, 75% dos trabalhadores noturnos da região não completam um ano na função e migram para outras atividades que pagam a mesma coisa e que trabalhem no período diurno”, afirma Oliveira.
Além disso, ele afirma que falta mão de obra especializada e desvalorização salarial desanima os trabalhadores. “Falta profissionais com qualificação profissional e experiência e, infelizmente, o salário ainda é considerado baixo em relação ao trabalho desempenhado”, explica.
O salário de um garçom pode variar de R$ 1.500 mil a R$ 2 mil, dependendo do acréscimo de 30% do adicional noturno. Porém, existem profissionais que recebem remunerações mais baixas, dependendo do local de trabalho. “Os salários do setor de retaguarda, que compreende os atendentes e auxiliares de cozinha, são considerados os mais baixos, variam de R$ 800 a R$ 910”, calcula.
O proprietário de um restaurante de Presidente Prudente, Gustavo Alves, de 31 anos, afirma que em dez meses de funcionamento de seu estabelecimento, apenas dois colaboradores permaneceram desde o início trabalhando no período noturno. “Temos 16 funcionários, 11 deles trabalham à noite, apenas dois estão conosco desde de que abrimos o restaurante”, explica.
A rotatividade, na visão de Alves, está atribuída à dificuldade de deslocamento destas pessoas no horário de trabalho. “A maioria do pessoal que trabalha à noite tem dificuldades de transporte. A nossa cozinha encerra às 23h, mas até que a limpeza seja feita, muitos vão embora por volta das 23h40, meia-noite e dependem de filhos, maridos ou algum parente para ir buscá-la. A longo prazo, essa rotina de deslocamento acaba se tornando difícil e as pessoas desistem do trabalho à noite”, salienta.
A ex-chapeira de uma lanchonete, Rafaela Fernandes, de 24 anos, decidiu deixar o trabalho noturno depois que se tornou mãe. Ela conta que trabalhar à noite se tornou mais difícil por conta de seus horários. “Eu sou casada e resolvi ter um filho, mas ele não se adaptou aos meus horários, a alimentação dele estava prejudicada. Teve uma vez que ele chegou a ficar quase 48 horas acordado, já que eu e o pai dele trabalhávamos à noite. É difícil encontrar babás nestes horários”, enfatiza.