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Belo Horizonte (MG): Distribuição de renda está melhorando em BH
quinta-feira, 30 de junho de 2011
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Os 10% mais pobres da população tiveram aumento de renda de 9,9% em um ano; renda dos mais ricos caiu 8,7%
Tatiana Moraes
As diferenças ainda são enormes, mas a distribuição da renda está melhorando em Belo Horizonte. Entre abril de 2011 e o mesmo mês do ano passado, o rendimento dos 10% da população mais pobre subiu 9,9%, enquanto a renda mensal dos 10% mais ricos recuou 8,7%. O rendimento mensal médio dos 10% mais pobres foi de R$ 369 em abril. Entre os mais ricos, a renda média foi de R$ 4.768.
As informações são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Fundação João Pinheiro, Dieese, Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego (Sete-MG) e Fundação Seade. Já a taxa de desemprego caiu em abril 1,4 ponto percentual na comparação com abril de 2010, para 8,2%. Frente ao mês imediatamente anterior, a taxa de desemprego ficou estável, com leve queda de 0,1 ponto percentual.
Salário mínimo e crise financeira internacional
O estudo aponta que a política de valorização do salário mínimo foi o principal motivo para o aumento da renda dos mais pobres, enquanto a estabilização da taxa de desemprego seria reflexo da crise financeira internacional.
Ainda segundo o estudo, os desempregados da Região Metropolitana de Belo Horizonte tem ficado menos tempo à procura de emprego. Em maio, a média foi de 31 semanas, contra 32 semanas em abril e 42 semanas em maio do ano passado. O prazo da busca pelo emprego é o menor verificado pela pesquisa desde fevereiro de 2008. Em julho de 2004, a média chegou ao pico 70 semanas na série histórica da pesquisa.
Em abril, o rendimento médio da população assalariada foi de R$ 1.355, queda de 2,4% em relação a março. Na comparação com abril do ano anterior, foi verificada queda de 6,2%. Em contrapartida, o rendimento dos autônomos foi 3,3% superior na comparação abril/março, fechando em R$ 1.254. Ja em relação a abril de 2010, o crescimento foi de 3,8%.
A queda na renda dos assalariados foi reflexo de um desequilíbrio entre o aumento do número de pessoas economicamente ativas (45 mil, aumento de 1,9% frente a abril) e o número de novos empregos (crescimento de 39 mil, o equivalente a 1,8% a mais do que no mês passado), conforme afirma a coordenadora da pesquisa, Gabrielle Selani Cicarelli.
O setor que mais empregou em maio (dado mais atualizado da pesquisa) foi o de comércio e serviços, com 24 mil novos empregos. A construção civil vem em segundo lugar, com a abertura de 17 mil novos postos de trabalho.
O diretor financeiro da Construtora Prisbel, Luciano Muniz, confirma o cenário positivo para o emprego registrado pela pesquisa. Ele afirma que na comparação de maio de 2010 com maio de 2011, a empresa, localizada em Lourdes, região Centro-Sul da Capital, contratou 60% a mais.
E o número só não foi maior devido à falta de mão de obra. A empresa possui cerca de 15 vagas em aberto, de servente a engenheiro.
Em termos relativos, a construção civil foi o setor que apresentou o maior aumento percentual no número de trabalhadores, de 17,5% em maio na comparação com o mesmo período do ano anterior. No comércio, esse crescimento foi de 7,4% e nos serviços, de 1,9%.
Na indústria, foram fechadas 19 mil vagas em abril, queda de 5,7% em relação ao mês anterior. Nos setores classificados como Outros (serviços domésticos, agricultura, pecuária e extração vegetal), foram fechadas 7 mil vagas, recuo de 4,6% na mesma comparação.
Empregados já são 2,3 milhões
A quantidade de ocupados na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) aumentou 1,8% em maio deste ano frente a abril, totalizando 2,267 milhões de trabalhadores.
A taxa de desemprego registrada em Belo Horizonte, de 8,2%, foi a segunda menor entre as demais regiões pesquisadas, ficando atrás, apenas de Porto Alegre, que apresentou taxa de 7,7%. Fortaleza registrou 10%, São Paulo, 10,7%, Distrito Federal, 13%, Recife, 13,7%, e Salvador, 15,6%.
Nas sete regiões metropolitanas que fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), calculada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), permaneceu praticamente estável em maio, ao variar de 11,1% em abril para 10,9%. Em maio de 2010, essa taxa era de 13,2%.
Vagas superam entrada de trabalhadores
O número de postos de trabalho criados em maio (192 mil) superou o número de pessoas que entraram na força de trabalho (151 mil), o que reduziu o total de desempregados em 41 mil pessoas.
Já o rendimento médio real dos ocupados caiu 1,2% em abril ante março, passando para R$ 1.367. No mesmo período, a massa de rendimentos dos ocupados registrou diminuição de 0,6%.
Na comparação com abril de 2010, o rendimento médio real do trabalhador aumentou 2,9% e a massa de rendimentos teve alta de 5,3%.
Construção tende a acomodar
Apesar do ritmo acelerado da construção civil e do crescimento do emprego, o setor tende a estabilização. É isso que mostra a redução de 6,3% no número de vendas de imóveis em Belo Horizonte entre janeiro e abril deste ano na comparação com o mesmo período de 2010.
Com a alta dos juros, os financiamentos ficaram mais caros nos últimos meses, o que acabou inibindo as vendas. O fenômeno também deve contribuir para desacelerar o ritmo de aumento nos preços dos imóveis.
O presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti, afirma que este movimento era esperado, uma vez que o setor avançou muito nos últimos anos porque havia uma demanda reprimida, tendo em vista que o mercado imobiliário ficou estagnado durante 20 anos.
Cavalcanti assinala que, diante do atual cenário, até o final deste ano, os preços tendem a continuar subindo, mas de forma mais amena. As vendas devem manter o ritmo de queda, uma vez que o mercado sinaliza que o governo deve voltar a elevar os juros.
A expectativa é que, no médio prazo, o setor volte a ganhar novo fôlego, com a acomodação da economia brasileira. De acordo com Cavalcanti, a demanda por habitação em Belo Horizonte, sobretudo no segmento popular, só deve ser suprida a partir de 2030.
* Com Elisângela Orlando