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Imprensa
São Paulo (SP): Comentários em redes sociais podem gerar demissão
terça-feira, 19 de julho de 2011
Imprensa
Pesquisa aponta que 8% de grandes empresas já dispensaram seus funcionários por esse motivo
Maria Carolina Nomura
A demissão de funcionários por conta do que disseram em redes sociais é um tema tão recorrente que virou até uma comunidade no Facebook (“Fired by Facebook”, demitido pelo Facebook, em inglês).
No Brasil, os casos de demissão ainda pipocam aqui e ali, mas nos Estados Unidos não são nada raros: cerca de 8% das empresas com mais de 1.000 funcionários já dispensaram um funcionário por conta de atividades em redes sociais, segundo pesquisa da empresa de segurança de e-mail Proofpoint, publicada em 2009. Outros 20% das organizações disseram que advertiram seus empregados por causa do uso inapropriado das novas mídias.
No ano passado, alguns casos emblemáticos no Brasil foram exemplo da influência dessas mídias no trabalho: um jornalista da revista National Geographic foi demitido após escrever em seu Twitter comentários ofensivos sobre outra revista publicada pela mesma editora; um diretor foi dispensado por ofender um time de futebol que a empresa havia patrocinado; e uma funcionária do Supremo Tribunal Federal (STF) foi transferida depois de escrever que o presidente do Senado deveria fazer como Ronaldo Fenômeno e “pendurar as chuteiras”.
A demissão, nesses casos, pode ser feita por justa causa, segundo o advogado trabalhista Marcos Alencar, do Dejure Advogados, de Pernambuco. “A empresa pode alegar quebra de respeito, confiança e até insubordinação e aplicar o artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).”
Para Marcelo Miyashita, palestrante da Miyashita Consulting e professor de marketing em cursos de pós-graduação e MBA, o profissional precisa compreender que nas redes não há a relação vida particular versus vida profissional. “Quem mantém perfil público nas redes sociais, implicitamente, decidiu tornar um lado da sua vida público. E esse lado precisa estar em sintonia com a percepção que o profissional quer que outros tenham sobre ele, seu perfil e sua carreira”, explica.
Miyashita diz ainda que a vida pública é exposta em perfis pelas redes sociais, em publicações em blogs, sites e também dentro das próprias redes, por comentários postados em qualquer local que possa ser indexado por uma ferramenta de busca. “O Google e as ferramentas internas de busca de cada rede social formam o ‘grande irmão’. Logo, é preciso compreender que estamos, sim, formando imagens a nosso respeito a partir do momento que tudo que publicamos pode ser rastreado.”
Bom senso
Cesar Palmieri, diretor de Talentos e Equilíbrio do Grupo i9, empresa de TI, afirma que as redes sociais têm um peso maior se comparado às famosas conversas de corredor, uma vez que as informações estão escritas e disponíveis para todos, dentro e fora da empresa. Portanto, para evitar um mal-estar, a solução é ter bom senso. “Todos devem adotar uma postura ética, responsável e prezar pelos relacionamentos, ou seja, são os mesmos cuidados que se deve ter ao enviar um e-mail, criar um site pessoal ou escrever uma carta.”
Além dos cuidados com o que escrevem, os profissionais podem usar ferramentas que reforcem a privacidade de seus perfis. Miyashita recomenda, por exemplo, que se registre o nome no Google Alerts. “O sistema envia automaticamente e na periodicidade que definir relatórios apresentando o que foi indexado pelo Google em determinado período. Dá para programar envios em tempo real para ser avisado assim que o seu nome foi indexado”, explica.
Aprender a utilizar a proteção que as próprias redes sociais oferecem também é uma alternativa. Mas é preciso preocupar-se com o que os outros que têm acesso ao perfil podem replicar. “De qualquer forma, mesmo entre amigos também formamos imagens e devemos nos preocupar com isso. E equalizar uma imagem do ‘eu pessoal’ com o do ‘eu profissional’ é um desafio, mas, de certa forma, é o que todos estão buscando: a identidade e sua marca pessoal”, conclui Miyashita.