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São Paulo (SP): Nada pode ser feito com o câmbio, diz Pimentel
sexta-feira, 27 de maio de 2011
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Para o ministro Pimentel, a indústria brasileira é do século XX e está atrás da da ÁsiaEm evento destinado a trazer o governo federal para dentro de uma negociação tripartite, industriais e sindicalistas ouviram de Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, uma crítica sonora à indústria brasileira.
Apresentado por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), como ‘nosso [da indústria] grande interlocutor no governo federal’, Pimentel falou aos cerca de 400 empresários e trabalhadores do ramo industrial, ontem, em São Paulo, que a indústria brasileira precisa se modernizar – e rápido. ‘Nossa indústria é do século XX. Se os empresários não forem rápidos, perderemos a competição com a Ásia, que já está muito à frente.’
As nove horas de duração do seminário, ontem, em que o documento ‘Acordo entre trabalhadores e empresários pelo futuro da produção e do emprego’ foi divulgado, foram ocupadas por críticas ao patamar da taxa de câmbio e às taxas de juros básicas da economia. João Guilherme Sabino Ometto, presidente da São Martinho e vice-presidente da Fiesp, afirmou ser ‘praticamente impossível, para a indústria, trabalhar com o real supervalorizado do jeito que está’.
O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, convidado para falar sobre câmbio, afirmou ‘que o real está totalmente fora de lugar, jogando contra uma estratégia de desenvolvimento nacional’. Para o ministro Fernando Pimentel, no entanto, o empresário precisa ‘aprender a conviver com o câmbio’.
‘O problema do câmbio valorizado, que afeta de maneira aguda a economia, especialmente a indústria, não tem solução. Particularmente, preferia que [a taxa] estivesse mais desvalorizado, mas não adianta. Não há nada que possa ser feito. O empresário precisa aprender a conviver com isso e se modernizar’, afirmou Pimentel, para quem a atuação do governo deve se concentrar em uma política industrial.
Até o fim de junho, garantiu o ministro, a nova política industrial será lançada pelo governo, que receberá o nome de Política para o Desenvolvimento da Competitividade. ‘Estávamos [a equipe econômica] concentrados em debelar a inflação, nos primeiros meses de governo, e só agora conseguimos nos deter nas propostas para a nova política industrial’, afirmou Pimentel.
O conjunto de medidas a ser anunciado nos próximos 30 dias incluirá a redução de impostos sobre a compra de bens de capital e a aceleração na devolução de créditos na exportação, demandas históricas de industriais brasileiros. ‘Fecharemos, nos próximos dias, as últimas ideias para a medida’, adiantou Pimentel.
Em busca de um pacto, industriais e sindicalistas entregaram a Aloizio Mercadante, ministro de Ciência e Tecnologia, Michel Temer, vice-presidente da República, e a Pimentel um documento conjunto, antecipado pelo Valor na semana passada. Entre outros pontos, o material defende a redução de juros cobrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) – já negativos, em termos reais – e a institucionalização das comissões de sindicalistas nas fábricas do país.
‘Precisamos recriar o ambiente que propiciou a câmara setorial do setor automotivo, no início dos anos 1990, quando empresários, sindicatos e governo se uniram para negociar saídas para o setor’, disse Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Para Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, da Força Sindical, ‘a data [ontem] é histórica, por marcar uma união em tempos de crescimento econômico, com o intuito de salvar o setor industrial, onde os salários dos trabalhadores são os mais elevados’, completou Torres.
Pressionado, no palco, por Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, Michel Temer afirmou que cobrará a presidente da República, Dilma Rousseff, a inaugurar, na semana que vem, a primeira reunião da câmara tripartite entre governo, industriais e sindicalistas. ‘Me comprometo a, já na próxima semana, levar o governo a fazer parte do pacto social proposto por vocês’, afirmou.
Segundo Vagner Freitas, secretário de finanças da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior do país, ‘os sindicalistas entendem que é importante, para o país e para o emprego, que as empresas nacionais sejam fortes’, e o esforço, junto ao governo federal, será para que ‘o espaço para negociações se institucionalize’.