Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
10 DEZ 2024

Imagem do dia

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Memória Sindical

Graves consequências do desprezo pela história

sexta-feira, 29 de março de 2019

Memória Sindical

Graves consequências do desprezo pela história

Neste dia 31 de março de 2019, próximo domingo, a esquerda brasileira e o presidente Jair Bolsonaro se encontrarão com seu passado e com seu destino.
ditaduraCrédito: Arquivo

Pela primeira vez em 34 anos, talvez mais, há fortes indícios de que o golpe militar de 31 de março de 1964, que deflagrou 21 anos de ditadura, será comemorado abertamente na sociedade, oficial ou extraoficialmente, a despeito dos crimes que causou.

Desde a redemocratização o senso comum brasileiro sempre foi de repúdio à ditadura militar, mesmo em governos de centro e de direita. O período que vai de 1964 a 1985 é tido como um dos mais macabros, um erro histórico, apreciado apenas por grupelhos fanáticos.

Mas, tal é a bizarrice do momento que expoentes destes grupos diminutos alcançaram o poder máximo da política e agora tudo o que conhecemos parece virado do avesso.

Intervenção dos EUA
O golpe militar impôs um regime baseado no atraso político, no arrocho salarial, na dependência econômica, na desigualdade social, na censura aos meios de comunicação e na violenta repressão aos seus opositores. Esta é a narrativa que nenhum pesquisador sério contesta.

Sabe-se que, por trás da reação conservadora ao governo de João Goulart, havia, não apenas um dedo, mas o braço inteiro dos Estados Unidos da América. Era guerra fria, ordem bipolar, e o temor de que a revolução Cubana, de 1959, respinga-se por aqui, atiçou os americanos, que não quiseram nem saber se o governo ia bem ou mal.

Hoje conhecemos gravações de falas do ex-presidente dos EUA, Lyndon Johnson, afirmando que seria possível agir no Brasil para instituir a ditadura e assegurar o afastamento de Jango. As gravações podem ser ouvidas nos filmes “O Dia que Durou 21 anos” e "Dossiê Jango".

Na prática, o governo estadunidense financiou campanhas eleitorais de políticos simpatizantes à sua economia, patrocinou uma intensa campanha anticomunista na grande imprensa e orientou deliberadamente militares brasileiros a promoverem o golpe, posicionando a Quarta Frota em direção ao Brasil, caso Jango resistisse e houvesse a necessidade de intervir militarmente.

Ainda na linha da intervenção estadunidense, em 2018 foi revelado um memorando secreto da CIA que mostra que o general Ernesto Geisel, presidente do Brasil entre 1974 e 1979, sabia e autorizou a execução de opositores durante a ditadura militar. O documento, de 11 de abril de 1974, foi elaborado pelo então diretor da CIA, William Egan Colby, e endereçado ao secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger. Ele foi revelado pelo pesquisador Matias Spektor, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Esse é um lado da história. O lado que releva que o golpe não se deu pelo anseio da sociedade brasileira em barrar a “ameaça comunista”.

Outro lado é a violência arbitrária que o regime implementou, a pretexto do combate ao comunismo.

Violações aos direitos humanos
O relatório da Comissão Nacional da Verdade, apresentado em dezembro de 2014, mostrou que os militares disseminavam o terror como forma de intimidação, uma vez que se sabia que a tortura não produziria informação significativa.

Tal prática resultou em detenções ilegais e arbitrárias, tortura em larga escala, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro. No relatório são apontadas 434 mortes e desaparecimentos de vítimas no país, e mais de 300 pessoas, entre militares, agentes do Estado e até mesmo ex-presidentes da República, foram responsabilizadas.

Tortura e assassinatos como política de Estado
No programa Roda Viva do dia 30 de julho de 2018, o então candidato à presidência Jair Bolsonaro, foi questionado sobre seu apoio à ditadura militar e à torturadores como Carlos Alberto Brilhante Ustra (ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, o primeiro oficial condenado em ação declaratória por sequestro e tortura ocorridos durante a ditadura militar). Bolsonaro respondeu acusando os grupos de guerrilha de esquerda de também terem assassinado militares.

É um grande cinismo dele comparar o incomparável. No poder os militares usaram a repressão, tortura e assassinatos como política de Estado. Deram um “banho de sangue” que, ao contrário do que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni deve imaginar, não resultou em prosperidade e harmonia, muito menos em soberania nacional.

Na verdade, os resultados econômicos e sociais da ditadura militar, foram uma economia dependente, com avassaladora força do capital externo, disseminada através de multinacionais que se instalavam por aqui, além de altas taxas de desemprego, subemprego ou ao emprego informal.

O país só voltou a crescer e a se organizar com o advento de governos democráticos, sob vigência da constituição de 1988, sobretudo com Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva.

Inconsciência histórica
Espanta a todos que tenham o mínimo de consciência e conhecimento histórico o fato de, após mais de trinta anos de construção da democracia, a famigerada ditadura pudesse ser celebrada.

Mas isso parece ser menos espantoso quando avaliamos o quadro geral. No Brasil o desprezo pela educação é um velho conhecido. E, se a educação, de um modo geral, é depreciada, o conhecimento histórico é terra arrasada, sustentado por abnegados e idealistas. Afinal, a história não é a matéria preferida do mercado e as gratificações materiais não estão na linha de frente de quem a escolhe como profissão.

Em uma sociedade, entretanto, o desprezo pela história tem consequências graves, com preços altíssimos, até mesmo financeiramente, como, por exemplo, a escolha de governantes incompetentes e desastrosos.

Isso é uma coisa. É o pano de fundo, o contexto geral.

Outra coisa, que pode ajudar a entender porque o repúdio à ditadura militar não é óbvio e cristalino para todos os brasileiros, são as recentes as oportunidades perdidas de acertar as contas com o passado.

Refiro-me à já mencionada neste artigo, Comissão Nacional da Verdade.

Na prática, a Comissão se limitou a detalhar e registrar os episódios obscuros dos porões da ditadura. O coordenador da CNV, o jurista e professor de direito da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Dallari, disse em 2016, ao Jornal Estado de Minas que “O Estado brasileiro optou por não produzir consequências institucionais ao estudo que foi feito sobre tudo que se passou naquele período. Embora a lei determinasse que fossem feitas recomendações após as apurações, tanto o governo Dilma, quanto o atual governo de Temer [o texto é de 2016, quando Temer era presidente], escolheram não dar andamento”.

Ao contrário do que aconteceu no Brasil, em países como a Argentina e o Chile, que viveram sob ditaduras militares na mesma época, a restauração da democracia estimulou oficiais de alto escalão a se desculparem por erros do passado e abriu caminho para investigar e punir violações de direitos humanos.

Por aqui, a Comissão Nacional da Verdade, instalada por Dilma Rousseff em 2013, gerou grandes expectativas entre militantes de esquerda. Mas a ausência de julgamentos ou punições efetivas se tornou motivo frustração. A Comissão, enfim, produziu vasto material para estudo, mas sem consequências práticas. Hoje vemos que se perdeu uma grande oportunidade.

Desde as manifestações de junho de 2013 uma até então envergonhada extrema direita tem crescido assombrosamente.

Dos rincões do Brasil surgiu uma massa de eleitores direitistas, alheios às mazelas da história. Por descasos, pragmatismos, e imediatismos de toda a ordem, retrocedemos. Hoje lidamos com questões que pareciam superadas. Talvez, em anos passados, nem Jair Bolsonaro imaginasse que celebraria os 55 anos do golpe em grande estilo, pautando a sociedade com esta macabra efeméride.

Os descaminhos nos trouxeram, entretanto a este doloroso encontro como passado. Ou será destino?

Carolina Maria Ruy é jornalista e coordenadora do Centro de Memória Sindical

Últimas de Memória Sindical

Todas de Memória Sindical
A Construção Coletiva da sociedade
Artigos 20 DEZ 2024

A Construção Coletiva da sociedade

Prazo para atualização de dados sindicais termina em dezembro
Força 20 DEZ 2024

Prazo para atualização de dados sindicais termina em dezembro

Trabalhadores recebem verbas indenizatórias referentes a feriados
Força 20 DEZ 2024

Trabalhadores recebem verbas indenizatórias referentes a feriados

Vigilantes SP conquistam reajuste acima da inflação
Força 18 DEZ 2024

Vigilantes SP conquistam reajuste acima da inflação

Sindicalistas reúnem-se com líder do Partido Comunista Chines
Força 17 DEZ 2024

Sindicalistas reúnem-se com líder do Partido Comunista Chines

Nota de repúdio da Força Sindical RS
Força 17 DEZ 2024

Nota de repúdio da Força Sindical RS

Sindicalistas fortalecem luta em defesa da SPTrans
Força 17 DEZ 2024

Sindicalistas fortalecem luta em defesa da SPTrans

Movimentos sindical e popular cobram mudança nos cortes de gastos
Imprensa 17 DEZ 2024

Movimentos sindical e popular cobram mudança nos cortes de gastos

Vice-presidente SINPOSPETRO-RJ representa trabalhadores de todo o país na CNPBz
Força 17 DEZ 2024

Vice-presidente SINPOSPETRO-RJ representa trabalhadores de todo o país na CNPBz

Confira a Carta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
Força 16 DEZ 2024

Confira a Carta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

Diretoria do SINPOSPETRO-RJ define projetos para 2025
Força 13 DEZ 2024

Diretoria do SINPOSPETRO-RJ define projetos para 2025

Audiência Pública na Alesp promove debate sobre escala 6×1
Força 12 DEZ 2024

Audiência Pública na Alesp promove debate sobre escala 6×1

Sindicalistas da Força participam de 4ª reunião do Conselhão
Força 12 DEZ 2024

Sindicalistas da Força participam de 4ª reunião do Conselhão

Desafios para 2025
Palavra do Presidente 12 DEZ 2024

Desafios para 2025

Dieese divulga Balanço das Greves Primeiro Semestre
Força 12 DEZ 2024

Dieese divulga Balanço das Greves Primeiro Semestre

Sindnapi reúne diretores para o planejamento de 2025
Força 12 DEZ 2024

Sindnapi reúne diretores para o planejamento de 2025

Direito a dois domingos de folga às mulheres é uma conquista do SINPOSPETRO-RJ
Força 12 DEZ 2024

Direito a dois domingos de folga às mulheres é uma conquista do SINPOSPETRO-RJ

Servidores de Santos iniciam negociação salarial
Força 12 DEZ 2024

Servidores de Santos iniciam negociação salarial

Aumentar os juros é um crime contra o país
Força 12 DEZ 2024

Aumentar os juros é um crime contra o país

Veja retrospectiva das atividades do SINTRABOR em 2024
Força 12 DEZ 2024

Veja retrospectiva das atividades do SINTRABOR em 2024

Último dia de intercâmbio Brasil e China!
Força 12 DEZ 2024

Último dia de intercâmbio Brasil e China!

Sindicato lança terceira cartilha sobre trabalho decente no comércio
Força 12 DEZ 2024

Sindicato lança terceira cartilha sobre trabalho decente no comércio

Aumento dos juros: remédio errado e desnecessário
Força 11 DEZ 2024

Aumento dos juros: remédio errado e desnecessário

MPT defende vínculo trabalhista entre motoristas e Uber em audiência pública no STF
Imprensa 11 DEZ 2024

MPT defende vínculo trabalhista entre motoristas e Uber em audiência pública no STF

Inflação oficial perde força e fecha novembro em 0,39%
Imprensa 11 DEZ 2024

Inflação oficial perde força e fecha novembro em 0,39%

Sindbrinq realiza assembleias em empresas do setor de brinquedos
Força 11 DEZ 2024

Sindbrinq realiza assembleias em empresas do setor de brinquedos

Força intensifica diálogo com sindicalistas chineses
Força 11 DEZ 2024

Força intensifica diálogo com sindicalistas chineses

Veja fotos da delegação da Força em intercâmbio na China
Força 10 DEZ 2024

Veja fotos da delegação da Força em intercâmbio na China

Ministério do Trabalho terá plataforma para atendimento ao cidadão
Imprensa 10 DEZ 2024

Ministério do Trabalho terá plataforma para atendimento ao cidadão

Negociações para data-base de servidor começam nesta quarta, em Santos
Força 10 DEZ 2024

Negociações para data-base de servidor começam nesta quarta, em Santos

Aguarde! Carregando mais artigos...