Sindicalistas do Brasil e Uruguai buscam luta pela inclusão. Intercâmbio promove debate para melhorar as condições de pessoas com deficiência
Troca de experiências e o mapeamento das condições de vida e trabalho das pessoas com deficiência no Brasil e Uruguai marcaram o intercâmbio entre sindicalistas destes dois países nesta segunda-feira, 30.
No formato virtual, o encontro foi uma iniciativa dos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e do movimento sindical Uruguaio, que buscaram articulação com outros sindicatos, como o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e região.
Para subsidiar os debates, Luís Paulo Bresciani, técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), apresentou a desigualdade em números.
Atualmente, no Brasil, há 17,5 milhões de pessoas com deficiência. Contudo, entre as pessoas ocupadas, apenas 4,7% eram pessoas com deficiência.
Além disso, a informalidade atinge 55% das pessoas com deficiência, contra 39% das pessoas sem. Enquanto o rendimento médio das pessoas sem deficiência era de R$ 2.690, para pessoas com deficiência, ficou em R$ 1.860.
“As pessoas com deficiência têm presença maior em empregos precários, sem acesso a representação sindical”, observou Luís.
Os mesmos desafios
No encontro, foi possível perceber, que apesar das diferenças regionais, os dois países se assemelham na desigualdade e oportunidades oferecidas para as pessoas com deficiência, mesmo os dois países possuindo legislação especifica para a contratação. A Lei de Cotas no Brasil foi criada 1991, enquanto a do Uruguai em 2018.
Em suas falas, os participantes compartilharam experiências e a atuação de suas entidades pela inclusão.
Carlos Aparício Clemente falou sobre o surgimento do Espaço da Cidadania, ação que coordena, e dinâmica de atuação em redes para derrubar o principal problema:
“queremos derrubar o principal problema a discriminação e o preconceito, que, hoje, chamamos de capacitismo. É isso que a gente enfrenta o tempo todo”.
Clemente destaca que o enfrentamento ao preconceito é necessário.
“A Lei de Cotas no Brasil fez 32 anos em julho e é cumprida pela metade. No, Uruguai, criada há cinco anos, tem as mesmas desculpas usadas aqui para as empresas não cumprirem a Lei. O enfrentamento é necessário”, enfatizou.
Sobre a atuação do Sindicato, o diretor Marcel Simões explicou que a diretoria tem autonomia para trabalhar com a inclusão, representa o Sindicato em Conselhos e Conferências.
Também destacou que o assunto foi tema do 8º Congresso e que há 17 anos o Sindicato realiza pesquisa que avalia a contratação de pessoas com deficiência pelas metalúrgicas de Osasco e região.
“Com o resultado é possível a gente entender como as empresas se comportam em relação a Lei de Cotas, e ele nos dá subsídios para a direcionar a atuação da diretoria para que a Lei seja respeitada. Lembrando que ninguém faz nada sozinho”, destacou Marcel.
Além de Clemente e Marcel, o secretário João Batista e os diretores Alex da Força e Lucas representaram o Sindicato no Intercambio.
Reflexão e Ação
Representando o Uruguai, Álvaro Gonzales, da Secretaria da Pessoa com Deficiência de Montevideo, fez uma reflexão a respeito do marco normativo (lei de cotas).
Natalia Lancieri da Secretario da Pessoa com Deficiência del PIT-CNT, disse que o país tem uma Lei [de Cotas], mas que não consegue cumprir.
Que por lá também houve períodos de retrocesso, porque cada governo adota as suas políticas públicas.
Ao compartilhar as experiências, os participantes puderam refletir e chegar a conclusão da urgente necessidade de fortalecer a luta pela inclusão e empoderar as pessoas com deficiências.
Também participou do encontro uma representante do movimento sindical da Argentina.