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Rio de Janeiro (RJ): Assembleia dos Povos define soluções dos povos para a crise global
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Rio +20
Renato Ilha
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A possibilidade de reunir organizações do sindicalismo mundial, a partir da Assembléia Sindical Mundial, e a confecção de um documento colocando a necessidade de pensar o mundo de outra maneira – diferente da cúpula oficial – foram destacadas por Adolfo Aguirre, secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), na Assembleia dos Povos, realizada no âmbito da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. Aguirre considera que a Conferência das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) “perdeu uma oportunidade histórica de levar à comunidade internacional uma mensagem de revisão do que foi dito em 1992, aqui mesmo, no Rio de Janeiro (Eco-92), de que estávamos sem problemas”.
“Transcorridos 20 anos, sem que os mesmos problemas fossem enfrentados, dizem que não existe solução, fato que aumenta a responsabilidade dos trabalhadores de encontrar um pensamento que harmonize o desafio da preservação da natureza com desenvolvimento sustentável e assumir o protagonismo na questão ambiental”, advogou. O sindicalista lamentou que “enquanto o planeta sofre e os governos passam, as transnacionais impõem seus interesses de curto prazo por ganância por lucros”.
Para ele, o documento oficial decepcionou o movimento social por não ter ambições, não reconhecer que as coisas vão mal e expor a impotência dos governos diante das transnacionais, vistos por ele como “marionetes” dos interesses dos poderosos. Diante do que classificou de “fracasso”, resta aos trabalhadores o papel de seguir apontando rumos para a construção de um mundo necessário e orientar os trabalhadores a transitar para outra relação entre capital e trabalho, “na qual não haja espaço para a depredação dos recursos naturais”, definiu Aguirre.
Na opinião de Rosilene Wansetto, integrante do Grupo Articulador, a Assembleia dos Povos retratou os debates das cinco Plenárias de Convergência que ocorreram entre os dias 16 e 18. “Foram um espaço importante para convergência de várias lutas, uma construção coletiva com a apresentação de causas e soluções para a crise”, explicou.
AS PLENÁRIAS – A Plenária 1 se voltou à questão dos Direitos Humanos (por justiça social e ambiental), em que ficou acordado a necessidade de mudar as políticas públicas e o sistema de produção capitalista, “que domina, oprime e promove o etnocídio das culturas populares”. A Plenária 2, no âmbito da defesa dos bens comuns e a mercantilização da vida, concluiu que, para ter direito à terra e ao território, é preciso haver uma regulamentação fundiária. A soberania alimentar, defendida na Plenária 3, determinou que é preciso dar força ao pequeno agricultor, ao camponês e indígena. Dentro do ideário da agroecologia, a urgência de controlar o uso de agrotóxitos em escala industrial.
Assunto da Plenária 4, o tema da energia e indústrias extrativas, acordou que as energias renováveis e o controle descentralizado são a saída para a crise energética mundial e que as organizações que poluem e causam impactos ambientais negativos sejam adequadamente punidas. Sobre o trabalho, debatido na Plenária 5, ficou decidido que a reforma agrária, a abolição do agronegócio e a negação à mercantilização da natureza são medidas importantes para regulamentar e humanizar o trabalho, assim como a punição para os violadores dos direitos trabalhistas.
Atuando como contraponto à reunião dos chefes de Estado, a Assembleia dos Povos identificou metas e compromissos das organizações envolvidas na Cúpula para os próximos anos e elaborou documento a ser entregue para o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon.