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A grave crise na indústria
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
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Todo país desenvolvido possui características em comum. Uma delas é indústria forte. Assim é na França, nos Estados Unidos, na Alemanha, no Japão, na China e demais.
Por outro lado, os países atrasados possuem, entre si, características semelhantes. Uma delas é indústria fraca. Sem indústria, não há desenvolvimento. Os empregos são precários, com baixos salários. Sem massa salarial, não se forma mercado interno. Sem mercado interno, o desenvolvimento trava ou engata marcha à ré.
Falo isso com tristeza, pois o Brasil vive um grave ciclo de desindustrialização. Quem é de Guarulhos vivencia essa crise. Nosso parque fabril tem encolhido e o setor de serviços, que cresce um pouco mais, não possui força suficiente pra levantar a economia.
Porém, o problema é mais amplo. No Estado de São Paulo, muitas indústrias fecharam ou se mudaram. E a situação no Brasil, como um todo, é trágica. Entre 2015 e 2018, ou seja, em quatro anos, 25.376 fábricas deixaram de funcionar. Cada unidade dessas gerava empregos diretos e indiretos.
A tragédia foi retratada na primeira página do jornal O Estado de S. Paulo, dia 17, cuja chamada dizia: “Na recessão, País perde 17 fábricas por dia”. Os paulistas perderam 7.312 fábricas. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
O motivo principal dessa devastação é a crise econômica, cuja recessão atinge quase todos os segmentos. Mas não é só isso. No jogo pesado da geopolítica, os países ricos protegem suas economias para que as Nações dependentes não consigam desenvolver a indústria.
É uma luta antiga. Na época do Império, a Coroa Portuguesa proibiu indústrias na Colônia. O Brasil era apenas uma economia extrativista e, anos depois, centrada na produção de café e leite. Esse ciclo só foi quebrado na Revolução de 30, quando Getúlio Vargas, com as armas e apoio popular, derrotou a chamada elite “café-com-leite” e iniciou a formação da indústria de base.
Há dois problemas sérios na derrocada da indústria. Primeiro, a falta de uma efetiva política industrial do governo, com reflexos nos Estados e municípios. Segundo, a acomodação da chamada burguesia nacional, que pôs seu dinheiro no mercado financeiro ou migrou para o setor de serviços, que requer investimentos mais baixos, com lucros mais rápidos.
José Pereira dos Santos – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação da Força Sindical