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Automóveis e condições de vida nas cidades
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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Quando se fala do agravamento das condições de vida nas cidades brasileiras, pensa-se logo no transito caótico, no aumento constante do número de carros. O que não se fala é sobre a responsabilidade dos que administram as cidades e de suas escolhas quanto ao atendimento à população no tocante a um transporte público eficiente.
Refiro-me ao transporte público, não para impedir que o cidadão deixe de comprar o seu carro, sua moto, porque numa economia de mercado, o indivíduo possuindo condições para tanto, não pode ser impedido de consumir. O que não está certo é o poder público continuar escamoteando para não investir macicamente em transporte público de massa, ou seja, trens e metrôs de boa qualidade. Especialmente em regiões como a grande São Paulo onde o grosso da população trabalhadora reside nas franjas da metrópole e, por isso, necessita mais do que ninguém de um meio de locomoção que venha a melhorar o deslocamento diário e lhe permita um melhor aproveitamento do seu tempo. Tempo precioso para que seja aproveitado também para outras finalidades, entre as quais se pode incluir o estudo e o lazer.
Porém, pelas regras atuais isto fica seriamente comprometido, uma vez que os meios de transporte disponíveis estão longe de oferecer essas condições. Daí a escolha pelo automóvel, mesmo que todos saibam quais são as dificuldades para se trafegar por uma grande São Paulo congestionada praticamente durante todo o dia. A nosso ver, o fato da população investir na compra do automóvel não é a causa fundamental para os problemas que afligem o transito das principais cidades brasileiras, mas a falta ou o baixo investimento em transporte publico, que se feito de outro modo permitiria que os seus moradores adquirissem seus automóveis, mas tendo como opção uma malha metroferroviária eficaz, pudessem então deixá-los em casa, o que contribuiria para a redução dos terríveis ‘engarrafamentos’ tanto no centro quanto na periferia.
Os exemplos que temos são as grandes cidades européias, especialmente Paris, que proporcional ao número de habitantes possuem a mesma ou maior quantidade de veículos do que São Paulo, sem no entanto abrir do conforto de um sistema de transporte de publico de boa qualidade e sem que a população deixe de comprar automóveis.
O exemplo cabal dessa afirmação fica por conta de pesquisa realizada pela prefeitura de Paris sobre a aprovação de medida que para cada vaga de garagem criada obrigaria a construção de duas novas habitações, o que certamente desestimularia a compra do automóvel. O que foi reprovado pelos parisienses que, além um excelente sistema de transporte publico, não abrem mão do direito de ter um veículo particular a sua disposição, inclusive para seus passeios em finais de semana, e sem comprometer a pujança da sua indústria automotiva que em outubro deste ano teve um crescimento 20,1% nas vendas.
Aparecido Inácio da Silva – Cidão, é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul