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Crise é sinônimo de paralisia?
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
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Ainda não se sabe com que intensidade a crise que mexe com as estruturas do neoliberalismo chegará ao Brasil nem se as medidas já implantadas pelo governo brasileiro serão suficientes para amenizar os impactos sobre nossa economia. Até porque o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, já adiantou que essa é uma crise de longa duração. Enquanto isso, o que, nós, trabalhadores, podemos fazer? Sentarmos em frente à televisão e assistir amedrontados a seqüência de notícias negativas, que mais geram insegurança e desconfiança do que a possibilidade de uma avaliação sensata sobre o impacto dessa crise sobre nossas vidas?
Não podemos negar a realidade: o problema é sério e já nos atinge. Uma amostra disso é que a crise rondou as negociações da campanha salarial dos metalúrgicos do Estado de São Paulo, encerrada na última semana. Os empresários nos relataram dificuldades já sentidas por algumas empresas, que comprometeriam um reajuste melhor.
É fato que há empresas em dificuldade, mas isso não é uma realidade nacional. Tanto é que buscamos e conseguimos fechar acordos entre 3% e 3,6% de aumento acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), conforme o grupo patronal. Um acordo bastante satisfatório, que leva em conta a possibilidade de agravamento da crise, mas que não se intimida frente a ela.
Resumindo, ainda há muita névoa frente aos nossos olhos, mas isso não significa que devamos ficar paralisados. É preciso ir em frente, continuar nossas lutas. Até porque o movimento sindical tem uma agenda de trabalho que têm muito a contribuir com esse momento de redefinições no sistema capitalista para que tenhamos mais regulamentação no sistema financeiro, mais igualdade de direitos, mais distribuição de renda. Lutas como pelas 40 horas semanais e pelo Trabalho Decente exemplificam bem os itens dessa agenda.
É preciso ainda manter nossos hábitos de consumo, com responsabilidade. Caso contrário, fatalmente, iremos contribuir para que a crise realmente chegue ao Brasil de forma intensa e com conseqüências desastrosas. Não podemos nos deixar paralisar.
* Jorge Nazareno, é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, diretor da Força Sindical e membro do Conselho de Desenvolvimento, Econômico e Social