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Crise econômica e o futuro
quarta-feira, 2 de março de 2016
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Bom seria se a esperança que a chegada de um novo ano desperta valesse para 2016. O ano mal começou e as dificuldades apenas aumentaram. Isto porque, como é de conhecimento geral, estamos atravessamos uma conjuntura econômica e política dificílima. Eu diria, de incertezas como há muito não se via e/ou vivia no Brasil.
Particularmente para os que dependem da produção e do emprego. E quando me refiro a produção e ao emprego não estou mencionando apenas os trabalhadores, os mais atingidos, mas também as empresas que diante dessa situação caótica muitas delas estão com seu futuro deveras comprometido.
Por conta disso, no curto e médio prazo não enxergo perspectivas. A indústria automotiva brasileira, a pujante indústria automobilística, enfrenta uma das suas piores crises. No setor, a produção despencou e o desemprego aumenta a cada dia.
Quando menciono a questão do setor automotivo estou primeiramente me referindo a crise que gera desemprego. Somente na empresa General Motors em São Caetano do Sul temos hoje 2.258 trabalhadores em sistema de lay-off (contrato de trabalho suspenso), porém com prazo curto para terminar.
O lay-off é um importante instrumento resultante de negociação entre a empresa e o sindicato que representa a categoria profissional. Não é, porém, a solução definitiva para esse grave problema. O ideal seria a retomada da produção e das vendas e o retorno desses trabalhadores aos seus empregos.
O outro ponto sobre o tema em destaque é que, a queda da produção e do emprego, leva inevitavelmente a uma redução drástica na arrecadação de impostos e que prejudica diretamente o poder público, as ações do governo local que, diante de um cenário de incertezas, sente-se muitas vezes obrigado a reduzir investimentos, cortar despesas, adequar os interesses da cidade a uma realidade da qual não é responsável.
Se há responsabilidade em tudo isto ela deve ser atribuída ao governo federal, perdido que está nesse mar revolto que ele próprio criou, sem credibilidade para estabelecer um consenso mínimo e conduzir o país para um novo patamar de crescimento econômico, geração de empregos e distribuição de renda.
Ao ler os jornais, ou ver o noticiário televisivo, fico espantado com a posição de membros do governo e da própria presidente Dilma atribuindo ao Congresso Nacional responsabilidade pelos graves problemas que o país enfrenta.
O governo sempre busca construir uma falsa narrativa. É a história da mentira incorporada à prática política do atual governo.
Quando vamos sair disso, não se sabe. Se começarmos agora teremos um longo caminho de recuperação que não será feita do dia para a noite porque o estrago foi tão grande que nos deixa com um sentimento de profunda incerteza com relação ao futuro.
Na condição e sindicalista tenho me esforçado para minorar os impactos da crise que afeta o setor que sindicalmente represento. Apesar da grave crise acordos estão sendo negociados visando atrair novos investimentos produtivos para a cidade, de modo a permitir que, por meio deles, ocorra o crescimento da produção e a geração de empregos seja retomada.
Aparecido Inácio da Silva é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e advogado