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Crise mundial: quem paga?
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
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Nos últimos dias, o Mundo vem sendo sacudido por uma grave crise financeira, que começou nos Estados Unidos e se espalhou para países da Europa e da Ásia.
No Brasil, os primeiros efeitos foram a queda brusca no valor das ações das empresas e a disparada na cotação do dólar.
Rapidamente os empresários se puseram a chorar, como se não tivessem auferido altos lucros nos últimos anos de prosperidade e crescimento econômico. Mesmo que as últimas campanhas salariais tenham trazido algum aumento na remuneração dos trabalhadores, os salários no Brasil ainda continuam entre os mais baixos do mundo.
Nós sindicalistas devemos fazer algumas reflexões para não cair nessa conversa de que todos vão ter que pagar pela crise. Há muitos anos os trabalhadores pagam pelas crises e ficam com as migalhas nos momentos de bonança.
Em primeiro lugar, a valorização do dólar vinha sendo pedida por diversos setores empresariais que lucram fortunas com a exportação de seus produtos. Afinal, o Real mais barato aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. E o consumo de produtos brasileiros deve aumentar inclusive no mercado interno, já que brinquedos, tecidos e alimentos vão ficar mais baratos que similares vindos, por exemplo, da China.
Mas, os sindicalistas também devem ficar atentos ao papel que vem sendo desempenhado pelo setor bancário, verdadeiro abutre da economia nacional.
Quem aplica sua poupança em uma instituição bancária recebe, no máximo, 1% ao mês. Quem toma dinheiro emprestado tem que pagar juros de 10% a 12% ao mês. Com tarifas absolutamente escorchantes para quem tem, por exemplo, uma simples conta bancária, os bancos brasileiros conseguem lucros anuais de 50%, 60% ao ano sem produzir um único parafuso.
A cara de pau dos bancos brasileiros é tão grande que, no momento em que o Banco Central liberou mais dinheiro para que fizessem empréstimos, eles simplesmente retiveram o dinheiro, aplicaram em títulos públicos e aumentaram ainda mais suas taxas de juros para empréstimos.
Para evitar que a crise internacional atinja o Brasil com mais gravidade, o Banco Central precisa, além de reduzir a sua própria taxa de juros, exercer maior controle sobre as atividades dos bancos. Inclusive, se for o caso, até com intervenções.
Danilo Pereira da Silva é presidente da Força São Paulo