Há dificuldades e há deficiências. Para o movimento sindical as deficiências decorrem da desorientação dos dirigentes e da fraca conexão com as bases. As dificuldades são de duas ordens: ideológicas e materiais.
As dificuldades ideológicas são o resultado dos anos de névoa do neoliberalismo com sua indução egoísta do “eu sozinho” e seu feroz ataque às ações coletivas, perturbando e desorientando principalmente os jovens trabalhadores.
As dificuldades materiais surgem da escassez de recursos financeiros para a ação, um dos resultados da deforma trabalhista de Temer que rompeu o pacto pluridecenal da sociedade com os sindicatos. Suas direções não conseguem, ainda, recuperar o respeito devido aos dirigentes sindicais na representação dos trabalhadores.
Estas duas feras se encavalam mutuamente e querem comer não só o corpo, mas a alma dos sindicatos.
Quanto às deficiências, a maior delas é o somatório de pequenos desvios que se traduzem pela desorientação das direções e pela subestimação da “subida” às bases. A própria unidade de ação das centrais perde seu conteúdo fundamental – expresso, por exemplo, na pauta da CONCLAT 2022 – e se transforma em um mero exercício retórico de produção de notas públicas cada vez menos orientadoras e cada vez mais suscetíveis de divisão efetiva.
Para enfrentar as dificuldades é preciso eliminar as deficiências e agir de maneira coerente e eficiente em cada aproximação dos dirigentes com os trabalhadores e as trabalhadoras nas bases sindicais.
João Guilherme Vargas Netto – Consultor sindical de entidades de Trabalhadores e membro do Diap