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Idoso é covardemente espancado por ser negro
quarta-feira, 10 de abril de 2013
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O senhor Benedito de Oliveira, um idoso de 71 anos, foi espancado por três jovens neonazistas por ser negro e velho. As informações são da polícia de Rio Claro. Benedito foi surrado com muitos chutes na cabeça. Ele está internado em estado grave na Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro, com traumatismo craniano, edema, hemorragia e ao sobreviver poderá ter sequelas. Os criminosos foram presos em flagrante: um rapaz de 20 anos e outro de 21, e teria um terceiro que a polícia ainda não identificou.
Jovens espancando idoso por conotação racial, pergunto: Como será o futuro?
No Brasil, a violência contra negros faz parte de um cotidiano secular, além dos mais de 300 anos de açoites, pelourinhos e senzalas, mesmo após a famigerada Lei Áurea, persiste a pancadaria. Desta vez, pegaram seu Benedito, aos gritos de “negro tem que morrer mesmo”. A dor que fica pela indignação da violência banal abate o sorriso, a alegria de viver e traz lágrimas, revolta. Dor de um só que se transforma em dor coletiva, que nos deixa impotentes, atônitos. Dor minha, sua, das vítimas, de quem se importa, da sociedade.
A manchete nos jornais, na internet, informando a violência contra idoso negro de 71 anos, abrindo espaço apenas em extremos como esse. Daí as manifestações, ações de solidariedade, preocupações oportunas e imediatistas que perduram por pouco tempo, enquanto a notícia está na mídia. Por mim, solidariedade é pouco, é preciso mais, muito mais!
Mas o que se faz no dia a dia para reduzir a violência, sobretudo de conotação racista? A discussão é permanente, os diversos fóruns de debates instalados, seminários, congressos, e por fim um Estatuto da Igualdade Racial vigente, promulgado, que não mostrará a que veio se permanecer apenas no papel.
O que está em torno dos Beneditos e Beneditas, idosos, idosas, negros, negras, guardadores (as) de carros, trabalhador, trabalhadora, informais, baixa renda, necessidade premente de transformação efetiva, sair da legislação e avançar. A discrepância entre o Brasil ser um dos 7 países mais ricos do planeta e uma das piores distribuição renda, gera injustiça social e cada qual tem de se virar para sobreviver, mesmo os mais velhos.
Seu Benedito, na informalidade, procurava sua subsistência numa atividade que avançava noite adentro, acabou encontrando seres desumanos que o surraram covardemente, sou capaz de imaginar seu lamento: “Moço, não bata mais em mim. Moço sou um preto velho, 71 anos, me deixe seguir meu caminho. Moço a minha cor te incomoda, o que posso fazer? Moço, não bata mais em mim, deixe eu seguir meu caminho. Moço, porque esse ódio em seu olhar, quem te alimentou assim, se nada te fiz. Sou apenas um velho, moço. Moço, tá doendo muito, seus chutes em todo meu corpo, na cabeça, tá doendo moço. Moço, não bata mais em mim, quero viver. QUERO VIVER, QUERO VIVER!”
Francisco Quintino,coordenador do Departamento de Promoção de Igualdade Racial da FEQUIMFAR e diretor do STI Químicas de Rio Claro