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Juros altos e a crise econômica
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
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Os recentes aumentos da taxa básica de juros (Selic) que alcançam 10% ao ano, e que o Banco Central do Brasil vêm promovendo em nome do combate à inflação, é a nosso ver um grande tiro no pé do governo Dilma e um sério prejuízo ao Brasil e aos brasileiros porque atinge em cheio a economia, especialmente a produção e a geração de empregos. Por esse modelo quem ganha são os banqueiros, uma vez que deste modo se permite a transferência de bilhões de recursos públicos para uma minoria que vive da especulação financeira. O que contribui para concentrar cada vez mais a renda nacional em vez de distribuí-la, como tem sido a proposta dos trabalhadores na busca por desenvolvimento com justiça social.
Por outro lado, tal medida afeta significativamente o consumo porque reduz a capacidade de compra da classe trabalhadora. Desse modo há que se perguntar: o que ganha o governo adotando tal medida?
Pelo nosso olhar a adoção da alta de juros como única medida para controlar a inflação vai contra a toda uma política adotada anos atrás que tinha por objetivo facilitar o acesso ao crédito, baratear o custo de produção e, assim, desenvolver o mercado interno. Fica evidente, pois, que o aumento da taxa Selic, não passa de medida paliativa e revela que o governo perdeu o foco no tocante ao projeto desenvolvimentista que gerou empregos e inseriu milhões de pessoas ao mercado de consumo.
Aliás, há muito que a presidente Dilma se recusa a conversar com os trabalhadores porque sabe bem que temos uma pauta que propugna por outra dinâmica econômica que não a do setor financeiro, mas em defesa da produção, com geração de emprego, distribuição da renda e inclusão social.
O aumento da taxa Selic, como vem sendo defendido pelo governo Dilma e por segmentos minoritários da sociedade, que se locupletam com tal medida, possui para os que vivem do trabalho um resultado para lá de negativo em razão do alto custo social e econômico que o peso dos juros traz consigo, inclusive gerando retração de mercado e com chances reais de acarretar o crescimento do desemprego.
O governo precisa urgentemente rever essa política nefasta e, antes de qualquer decisão, dialogar com a sociedade, particularmente com os que vivem de salários, os trabalhadores, que desejam ter emprego e futuro assegurados e não o contrário.
Aparecido Inácio da Silva,
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul