Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
8 OUT 2025

Imagem do dia

Seminário Pré-COP30; FOTOS

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Artigos

Melhor lugar para cometer um crime

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Artigos

Melhor lugar para cometer um crime

Por: Daniel Grandolfo

Sistema penitenciário é tão falho que preso fica à vontade para usar drogas, comandar mortes e impor suas regras; saída passa por valorizar agentes, modernizar estruturas e impor a lei

O BRASIL É O QUARTO PAÍS DO MUNDO EM NÚMERO DE PRESOS. Somente no Estado de São Paulo são 230 mil, em 166 unidades prisionais, todas superlotadas e muitas com o triplo da capacidade. Não bastasse o caos no sistema penitenciário brasileiro, restam ainda 560 mil mandados de prisão a serem cumpridos no Brasil. Onde vamos colocar tantos criminosos?

Em meio ao caos, estamos nós, agentes penitenciários. Somos a separação entre os criminosos e o estado, aliás, somos a única presença do estado no meio do crime. Juntamente com os presos, somos aquilo que a sociedade prefere esquecer que existe. Aliás, nem mesmo em tempos de crise no sistema, somos lembrados. Esquecem que esses agentes suportam diariamente ameaças, são agredidos nas unidades e, muitas vezes, executados nas ruas pelo crime organizado, simplesmente por exercermos nossa profissão.

O sistema carcerário é tão falho que hoje é o melhor lugar para se ficar impune ao cometer um crime. Lá, pode-se usar drogas livremente sem ser incomodado e comandar mortes e crimes nas ruas e nos presídios. Em São Paulo, inclusive, não há nenhum risco de um preso de uma facção ser morto por outro de facção rival, pois o estado dá proteção, já que divide as unidades entre os grupos criminosos. E mais: se for líder de facção, terá a segurança reforçada pelo estado. Para eles, o crime compensa, pois matam os desafetos e ficam impunes.

E quando tais crimes ocorrem dentro das unidades, mesmo que os agentes presenciem, eles nada podem fazer, a não ser assistir, pois estão de mãos atadas, apenas com um molho de chaves para abrir e trancar celas. Lá no presídio as leis do estado não existem e sim a lei do crime organizado, pois, onde o estado não manda, as facções criam suas leis próprias. Funcionam como um estado paralelo, inclusive com tribunal do crime e pena de morte.

E se o estado sabe que a lei do crime opera nas unidades, por que então não pode intervir? Primeiro, pela falta de infraestrutura das prisões superlotadas, com presos soltos livremente por toda a unidade, o que favorece o crime organizado. Muitos detentos tratam a prisão de “quartel do crime”, outros de “escola do crime”. Os presos que trabalham e têm bom comportamento são hostilizados pelos demais, chamados de "Zé povinho". Presos pagam impostos ao crime organizado e, de tudo que entra na unidade e é vendido, o crime organizado tira sua parte.

No estado de São Paulo, a superlotação impede até mesmo uma simples intervenção em uma cela com 50 presos onde deveriam estar 12. Mesmo que o agente veja um preso utilizando um celular, ele fica impossibilitado de atuar, pois, em um plantão há cerca de 30 agentes em toda a unidade. Além disso, não temos equipamentos para intervir. Mesmo que os agentes de dois turnos se reúnam para uma intervenção horas mais tarde, provavelmente nada encontrarão na cela. A unidade prisional é tão perfeita para se cometer crimes, que, sempre que os agentes encontram algo ilícito na cela, há o “laranja” pronto para assumir. Assim, como o agente não tem condições de investigar, o primeiro que se apresenta como o dono do ilícito ou o responsável pelo homicídio assume o crime. Como mudar isso sem ter poder para investigar? Não há como! Nosso papel é chamar a Polícia Civil para investigar e achar os culpados.

"As facções criminosas cresceram no habitat certo para proliferação e, sem que ninguém as incomodasse, se tornaram tão poderosas a ponto de desafiar o estado"
 
Baseado nesses fatos é fácil entender o porquê de as facções crescerem tanto dentro dos presídios e se tornarem tão poderosas a ponto de desafiarem o estado. Elas crescem no habitat certo para proliferação e sem que ninguém as incomode. Os agentes penitenciários normalmente levam a culpa pela entrada de celulares e drogas nas unidades prisionais e, geralmente, a sociedade se pergunta como tais ilícitos entram nas prisões. No entanto, não questionam que o governo proibiu a revista íntima nos familiares de presos. Também não falam que os detectores de metais são obsoletos e não pegam drogas. Não dizem ainda que os novos microcelulares não são pegos nos detectores de metais, o que também ocorre com as armas fabricadas em impressoras 3D, explosivos, facas de plástico ou de cerâmica.

Enquanto isso, os agentes penitenciários, que representam o estado, são desvalorizados, sem plano de carreira, com péssimos salários, sem equipamentos, treinamentos e uniformes. Em São Paulo a categoria está há três anos sem reposição das perdas salariais, que já ultrapassam os 20%. Em vez de investir, o governo tem proposto terceirizar as unidades prisionais de todo o país acreditando que assim resolverá o problema do sistema penitenciário. Na verdade, a terceirização dá ainda mais poder ao crime, que sentirá definitivamente a ausência do estado, sem falar que, comprovadamente, o custo é maior. A unidade prisional é um ambiente do estado e ele deve se fazer presente, fiscalizar e punir.

A solução por nós apresentada é ignorada, preferem contratar especialistas que não conhecem de perto as unidades, entre os quais, juízes, promotores, delegados, coronéis da PM, entre outros. O primeiro passo para a solução do problema é não querer colocar nos agentes penitenciários a responsabilidade pela segurança das unidades e a ressocialização dos criminosos. O preso jamais vai aceitar um agente de segurança como ressocializador, e nem temos preparo para isso. Eis aqui a primeira resposta para o fracasso da reabilitação dos detentos no Brasil.

O segundo passo é dar aos agentes penitenciários o poder de polícia, incluindo a categoria no artigo 144 da Constituição, para que possam investigar os crimes nas prisões, como homicídios, tráfico de drogas, destruição do patrimônio e formação de quadrilha, entre outros. Além disso, como polícia, enfrentar o crime organizado dentro das unidades e fazer valer a lei dentro das prisões. Mas para isso é preciso ter poder e legalidade.

O terceiro passo é que o estado invista em infraestrutura. As celas deveriam ser menores e com menos presos para facilitar a intervenção, além de acabar com as unidades abertas, onde os detentos transitam livremente sem qualquer controle. As prisões devem ser automatizadas para evitar o contato direto do agente com a massa carcerária, evitando assim que se tenham reféns, já que qualquer intervenção com reféns dá poder e tempo aos presos nas rebeliões e motins. Também é necessário que se tenha dentro das unidades uma Célula de Intervenção Rápida (CIR), com armas não letais, prontas para agir logo no início de qualquer confusão ou motim. Outras medidas são contratar imediatamente mais agentes, instalar scanners corporais em vez de detectores de metais, para impedir de fato a entrada de celulares, droga e armas, além de bloqueadores de celular em todas as unidades. É preciso, além de comprar equipamentos, treinar e valorizar os agentes penitenciários. Por fim, é necessário acabar com a superlotação.

Essas seriam as mudanças necessárias para um sistema penitenciário ideal e seguro e para que o estado tenha controle total sobre as unidades prisionais e acabe com as organizações criminosas e facções que se proliferam nos presídios brasileiros.

Daniel Grandolfo é presidente do Sindasp-SP (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo)

A permanente luta contra a desigualdade no Brasil
Eusébio Pinto Neto

A permanente luta contra a desigualdade no Brasil

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir
Eduardo Annunciato, Chicão

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz
Clemente Ganz Lúcio

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz

Diretores e dirigentes sindicais
João Guilherme Vargas Netto

Diretores e dirigentes sindicais

Dois anos sem João Inocentini
Milton Cavalo

Dois anos sem João Inocentini

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente
Maria Auxiliadora

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente

Metalúrgicos em Ação
Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Metalúrgicos em Ação

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira
Marilane Oliveira Teixeira

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira

Indústria forte é Brasil forte!
Cristina Helena Silva Gomes

Indústria forte é Brasil forte!

Se está na convenção, é lei
Paulo Ferrari

Se está na convenção, é lei

O lado positivo das homologações sindicais; por César Augusto
César Augusto de Mello

O lado positivo das homologações sindicais; por César Augusto

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!
Cláudio Magrão

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites
Márcio Ferreira

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites

Pelo trabalhador
Lineu Mazano

Pelo trabalhador

Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista
Diógenes Sandim Martins

Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista

Força Sindical integra 4º Congresso da IndustriALL em Sydney
Força 7 NOV 2025

Força Sindical integra 4º Congresso da IndustriALL em Sydney

Centrais sindicais reúnem-se para falar sobre COP 30
Força 7 NOV 2025

Centrais sindicais reúnem-se para falar sobre COP 30

COP30 e o desafio de proteger os trabalhadores diante das mudanças climáticas
Artigos 7 NOV 2025

COP30 e o desafio de proteger os trabalhadores diante das mudanças climáticas

Sindicalismo leva trabalho decente e transição justa à COP30
COP-30 7 NOV 2025

Sindicalismo leva trabalho decente e transição justa à COP30

Chicão ministra curso de negociação e fortalece formação sindical
Força 7 NOV 2025

Chicão ministra curso de negociação e fortalece formação sindical

Frentistas fortalecem fórum jurídico em Encontro Nacional
Força 7 NOV 2025

Frentistas fortalecem fórum jurídico em Encontro Nacional

Sintrabor e DIESAT: ações com foco em saúde e segurança
Força 7 NOV 2025

Sintrabor e DIESAT: ações com foco em saúde e segurança

Encontro dos Trabalhadores na COP30 reforça unidade sindical
COP-30 7 NOV 2025

Encontro dos Trabalhadores na COP30 reforça unidade sindical

Sindnapi disputa a eleição para o Conselho Municipal da Pessoa Idosa de SP
Força 7 NOV 2025

Sindnapi disputa a eleição para o Conselho Municipal da Pessoa Idosa de SP

NOTA – Justiça tributária avança: isenção de IR até R$ 5 mil e tributação maior aos super-ricos
Força 6 NOV 2025

NOTA – Justiça tributária avança: isenção de IR até R$ 5 mil e tributação maior aos super-ricos

A luta pelo tempo livre e o fim da escala 6×1
Imprensa 6 NOV 2025

A luta pelo tempo livre e o fim da escala 6×1

Juros altos são uma irresponsabilidade com o Brasil
Palavra do Presidente 6 NOV 2025

Juros altos são uma irresponsabilidade com o Brasil

Vitória da luta e pressão sindical: Senado aprova isenção do IR para R$ 5 mil
Força 6 NOV 2025

Vitória da luta e pressão sindical: Senado aprova isenção do IR para R$ 5 mil

Metalúrgicos da AGCO debatem reajuste e direitos em Mogi
Força 6 NOV 2025

Metalúrgicos da AGCO debatem reajuste e direitos em Mogi

Juros altos é irresponsabilidade com o País
Força 5 NOV 2025

Juros altos é irresponsabilidade com o País

Mulheres sindicalistas fortalecem liderança e negociação com igualdade
Força 5 NOV 2025

Mulheres sindicalistas fortalecem liderança e negociação com igualdade

Regional Guarulhos da Força SP debate sindicalismo e eleições de 2026
Força 5 NOV 2025

Regional Guarulhos da Força SP debate sindicalismo e eleições de 2026

Sintepav realiza assembleias na Bahia: PLR, Cartão Benefício e distribuição de boletins
Força 5 NOV 2025

Sintepav realiza assembleias na Bahia: PLR, Cartão Benefício e distribuição de boletins

SINTRABOR participa do 4º Congresso da IndustriALL Global Union
Força 5 NOV 2025

SINTRABOR participa do 4º Congresso da IndustriALL Global Union

Serginho reforça reindustrialização em encontro com Alckmin e Faber-Castell
Força 5 NOV 2025

Serginho reforça reindustrialização em encontro com Alckmin e Faber-Castell

Força Sindical SP prepara participação na II Conferência Nacional do Trabalho
Força 5 NOV 2025

Força Sindical SP prepara participação na II Conferência Nacional do Trabalho

Frentistas realizam Encontro Nacional e programam ações
Força 4 NOV 2025

Frentistas realizam Encontro Nacional e programam ações

Frentistas ampliam luta por mulheres, jovens e proteção trabalhista
Força 4 NOV 2025

Frentistas ampliam luta por mulheres, jovens e proteção trabalhista

Trabalhadores garantiram CCT e reajuste salarial na Ibratar
Força 4 NOV 2025

Trabalhadores garantiram CCT e reajuste salarial na Ibratar

Centrais pressionam BC por redução urgente dos juros
Força 4 NOV 2025

Centrais pressionam BC por redução urgente dos juros

Sintracon-SP promove Festa do Sócio com prêmios e diversão
Força 4 NOV 2025

Sintracon-SP promove Festa do Sócio com prêmios e diversão

CNTI expande curso e fortalece negociações coletivas no país
Força 4 NOV 2025

CNTI expande curso e fortalece negociações coletivas no país

Ministérios do Trabalho e das Mulheres apresentam 4º Relatório de Transparência Salarial
Força 4 NOV 2025

Ministérios do Trabalho e das Mulheres apresentam 4º Relatório de Transparência Salarial

Trabalhadores do setor químico, plástico e fertilizantes recebem proposta patronal
Força 3 NOV 2025

Trabalhadores do setor químico, plástico e fertilizantes recebem proposta patronal

Trabalhadores em edifícios fortalecem direitos e garante ganho real
Força 3 NOV 2025

Trabalhadores em edifícios fortalecem direitos e garante ganho real

Aguarde! Carregando mais artigos...