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Não à flexibilização dos direitos trabalhistas
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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Todos falam da crise, os noticiários dos jornais, rádio e TV ocupam todos os espaços possíveis.
Economistas, cientistas políticos, executivos, empresários, políticos, todos dão a sua opinião, a sua sugestão ou simplesmente o seu palpite.
Se todos podem dar os seus palpites, temos também o direito de dar os nossos.
A grande verdade é que todos esses que hoje dão os seus palpites e sugestões sobre a crise, há alguns meses atrás nada sabiam e nada previam sobre a mesma. Pelo contrário, participavam de seminários e produziam matérias afirmando que haveria uma grande onda de crescimento e que o futuro seria brilhante, o que se poderia chamar de Capital Turbinado.
Agora mudou o discurso, os mesmos analistas comparecem a seminários, falam e escrevem sobre um cenário não previsto. Cada um apresenta a crise dentro da sua ótica, na verdade sem saber o real tamanho do problema. Para alguns ela será passageira e para outros ela será duradoura. Mas a grande verdade é que todos continuam especulando.
Basta verificar que em um mesmo órgão de comunicação, seja rádio TV ou jornal, tem opinião e fórmulas para todos os gostos. Para o público otimista se faz um discurso e para o pessimista outro.
A verdade é que os donos do capital – as grandes empresas, os empresários, as corporações transnacionais – nadaram de braçada por longo tempo em um projeto capitalista do qual perderam o controle. Antes da crise o sistema era bom e fazia com que pessoas e empresas fizessem uso desse mesmo sistema para obter grandes e fáceis lucros.
Agora a máscara caiu, o prejuízo chegou, alguns tentam dar um último golpe falseando seus balanços. Mas a crise chegou e fica impossível sustentar a máfia do Capital. A solução? Eles querem passar o seu prejuízo para os governos e para os trabalhadores.
É aí que o movimento sindical tem que ficar alerta. Já surgem na imprensa matérias plantadas pelos que podemos chamar de ‘assassinos econômicos’, são articulistas, economistas, cientistas políticos e alguns parlamentares que falam em reformas trabalhistas. Afirmam que só os trabalhadores e os sindicatos concordando com novas alterações nas leis trabalhistas é que poderemos superar a crise.
MENTIRA DESLAVADA. A crise foi criada pelos donos do Capital, não tem a ver com o emprego ou com as leis que regulam a relação Capital e Trabalho.
A crise é deles. Foram eles que transformaram o mundo em cassino, foram eles que especularam nas Bolsas, eles são os ‘assassinos econômicos’ que diariamente plantam na imprensa notícias dando conta de que tudo vai bem. Quantas vezes vimos noticias em que as mais diversas instituições afirmavam: a economia está forte. Essas matérias lembravam que o Brasil tinha uma das menores classificações de risco do mundo, o que não faz muito tempo. E agora, por que mudou? O que mudou?
Mudou porque eles não se toleram mais. A máfia econômica do mundo não confia mais nos seus parceiros. Eles entraram em rota de colisão. Os donos do poder econômico querem agora salvar suas fortunas e, novamente, à custa do sacrifício da classe trabalhadora. Do sacrifício dos milhões de pobres espalhados pelo mundo.
Quando as empresas ganharam milhões nas Bolsas, quando a especulação enriqueceu muita gente, ninguém de nenhum setor da economia veio chamar os sindicatos e os trabalhadores para dividir o seu lucro.
Agora temos que ser firmes. Não podemos abrir mão de nenhum dos direitos dos trabalhadores, não podemos permitir que os governos simplesmente abram seus caixas, os caixas dos bancos oficiais, para continuar financiando esta Farra do Boi. Temos que exigir a abertura da caixa preta das empresas, queremos saber onde foi parar o lucro da época em que eles estavam todos ‘de bem’, tranqüilamente dividindo o seu ‘bolo’.
Não devemos sequer admitir sentar para debater a flexibilização ou a negociação dos direitos trabalhistas. Temos sim que exigir a apresentação dos balanços reais das empresas. Para onde foi o dinheiro? Quem roubou esse dinheiro? Foi usado em festas especulativas, viagens, foi parar no patrimônio particular de alguns poucos? Está fora do País? Nós não fizemos parte desta orgia especulativa. Ontem eles eram todos poderosos, agora que tenham vergonha na cara e paguem as contas, que resolvam sozinhos essa confusão, assumam os seus prejuízos. Sem essa de demissão e flexibilização de direitos trabalhistas.
Lourival Figueiredo Melo
Presidente da FEAAC