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O Auditório da sede da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos SP e Mogi, recebeu na tarde desta o 10º Seminário da Federação Interestadual dos Propagandistas, presidido por Luis Marcelo Ferreira. Estavam presentes na abertura do evento diversas lideranças de vários estados, entre eles, Amazonas, Alagoas, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A direção nacional da Força Sindical estava representada pelo vice-presidente da Central, Sergio Luiz Leite; o secretário-geral, João Carlos Gonçalves (Juruna) e o secretário de Relações Sindicais, Geraldino dos Santos Silva. O presidente da Força Sindical SP, Danilo Pereira da Silva e o coordenador da Regional Campinas, Carlos Ferreira, também estava na abertura do encontro. O evento será realizado nos dias 16, 17 e 18 de outubro e faz parte das atividades para comemorar os 10 anos da Federação.
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O 13 de Maio
quarta-feira, 13 de maio de 2015
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Celebrado em todo o País o 13 de maio é uma data que marca o dia da assinatura da Lei Áurea, que determinou a libertação de todos os escravizados no País.
Mas podemos afirmar que nesta data precisamos fazer uma melhor avaliação de um significado mais consistente sobre o que a abolição representou e representa na vida dos afro-brasileiros. Além disso, temos também que observar uma importante questão, referente ao protagonismo dos negros e das negras em todo o processo que culminou na abolição formal da escravatura, ou seja, é uma data que estimula uma importante discussão frente ao tema.
Apesar de algumas políticas públicas terem avançado nos últimos anos, no que tange a reversão da estrutura de exclusão e discriminação que ainda rege nossa sociedade, ainda lutamos para que sejam adotadas políticas concretas, junto a ações complementares, para que aja uma evolução.
Estamos fazendo o nosso trabalho, sendo que no campo sindical muitas de nossas reivindicações já se efetivaram, sendo que conseguimos observar uma série de avanços e conquistas significativas, em relação a inserção em cláusulas nas convenções coletivas de um expressivo número de categorias profissionais, referentes ao respeito à igualde racial.
Pena que uma triste e preocupante realidade ainda nos mostra uma gama enorme de necessidades, visto a falta de oportunidades, seja no campo educacional, como no amparo social, e na ausência de políticas de inclusão dos negros no mercado de trabalho formal, o que impede a ascensão social da maioria da população negra, em relação à permanência dos conceitos referentes à discriminação racial.
Somos testemunha da continuidade e existência de um racismo de ordem cordial, pessoal e institucional em nossa sociedade. Fator este, que prejudica sensivelmente um grande número de ações afirmativas.
Confira abaixo alguns dos marcos estruturados e de luta para combater o racismo e garantir os direitos dos povos descendentes de africanos escravizados no País.
Resistência – A Lei Áurea é, incontestavelmente, um marco histórico, pois impulsionou a libertação dos cerca de 800 mil negros mantidos no cativeiro no Brasil em 1888. Mas é indiscutível também que a abolição formal não resolveu questões essenciais para promover a real inclusão dos ex-cativos na sociedade brasileira – ponto das reflexões propostas pelo movimento negro. A resistência dos escravizados, o grande número de fugas e a construção de centenas de quilombos indicavam que o sistema escravista estava prestes a ruir muito antes de 1888. Revoltas como a dos Malês, do Queimado e dos Alfaiates demonstravam o descontentamento das diversas camadas da sociedade, sobretudo, das populares, com o regime.
Palmares – Uma das mais contundentes manifestações de resistência dos negros escravizados foi a criação do Quilombo dos Palmares – o maior da América Latina. Fundado pela princesa congolesa Aqualtune, mãe do lendário Ganga-Zumba, foi instalado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, no estado de Alagoas. Criado no final de 1590, o Quilombo tornou-se um Estado autônomo, resistindo por quase cem anos aos ataques holandeses, luso-brasileiros e de bandeirantes paulistas e agregando negros e indígenas que fugiam do trabalho escravo. Em 1695, Palmares foi totalmente destruído, um ano após a morte de Zumbi dos Palmares, seu líder, no dia 20 de novembro.
O 20 de novembro – A data é comemorada em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra, por afirmar o papel ativo dos negros e negros durante o longo e sangrento processo que resultou na emancipação. A data é um contraponto ao 13 de maio, no qual a simbologia dominante que ainda existe, se refere uma princesa branca concedendo a negros escravizados, submissos e passivos o bônus da liberdade.
Marcos Legais – A Lei Áurea, assinada em 1888 pela princesa Isabel, foi a primeira legislação produzida em benefício da população negra, mas demonstrou-se insuficiente na promoção dos direitos dos afrodescendentes. Somente 123 anos depois, outro marco legal foi instituído, na perspectiva de saldar a dívida histórica deixada pela escravidão e sua incipiente abolição.
O Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288, de 20 de julho de 2010) e a mobilização do movimento negro pelas cotas raciais em universidades e concursos públicos têm contribuído significativamente para a diminuição das desigualdades ainda provenientes do período escravocrata, e têm gerado benefícios reais para a população afro-brasileira.
Constituição Federal/1988 – A Carta Magna registra, nos “Princípios Fundamentais” e nos “Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, respectivamente, o “repúdio ao terrorismo e ao racismo” e que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. Foi a primeira Constituição da República a estabelecer a prática como crime.
Lei 7.716/1989 (Lei Caó) – Em vigorar há 20 anos, a Lei 7.719/1989, conhecida como Lei Caó, classifica o racismo como crime inafiançável, punível com prisão de até cinco anos e multa. Porém, a penalidade ainda é pouco aplicada. A maioria das condenações abriga o pagamento de indenizações e multas.
Lei 12.228/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) – Depois de tramitar por quase uma década pelas duas casas legislativas do País, o Estatuto da Igualdade Racial foi sancionado pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, constituindo-se num marco da luta em defesa dos direitos de milhões de pessoas. Éum instrumento legal que busca a correção de desigualdades históricas.
Lei 3.708/2001 (Cotas raciais) – A lei que passou a ser aplicada no Vestibular de 2002 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) instituiu o sistema de cotas para estudantes autodeclarados negros, reservando a este segmento um percentual de 40% das vagas das universidades estaduais do Rio. Muitas universidades também passaram a adotar o sistema, sendo que o mesmo, hoje é fruto de um crescente debate nacional, onde muitos ainda questionam a legitimidade do aumento do número de estudantes negros nas redes de ensino do País.
Por todos esses motivos, o dia 13 de maio é uma data de reflexão, na qual precisam ser amplamente discutidos os avanços e retrocessos da luta pela inclusão social de todos os cidadãos negros e negras do Brasil.
Francisco Quintino é o presidente do INSPIR e diretor do Departamento de Promoção da Igualdade Racial da FEQUIMFAR, além de também ser o secretário de Promoção da Igualdade Racial da Força Sindical SP, e conselheiro suplente CNPIR.