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Ocupar as ruas contra Bolsonaro: eis a nossa mais urgente tarefa!
terça-feira, 16 de novembro de 2021
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Somos hoje um povo sem compreensão do que de fato é uma nação, um país. Padecemos da ausência de uma consciência coletiva e, talvez por isto, aceitamos calados sermos marionetes, fazermos obedientemente o jogo da elite dominante e apenas reclamarmos pelos cantos em vez de agirmos contra um governo criminoso e seu projeto econômico que a cada dia empobrece mais e mais a classe que vive do trabalho e a expõe ao ridículo perante a si e ao mundo.
Estamos vendo o Brasil ser desconstruído, parcela da população a morrer de doenças que bem poderiam ser evitadas e, de fome, em meio à fartura de comida.
Aceitamos calados que Bolsonaro, um fascista, abuse da nossa paciência sem que tenhamos a coragem de enfrentar para valer a ele e seu governo. Que lástima!
Recusamos fazer a luta coletiva visando tirar do poder essa camarilha de milicianos respaldada por rentistas e destruidores do meio ambiente, todos exploradores da classe trabalhadora.
Perdemos a capacidade da indignação mesmo diante de tantas injustiças. Preferimos discutir no conforto das nossas casas e pela Internet questões menores e não a ação política necessária sobre os problemas brasileiros e as possíveis soluções que, antes de tudo, passam pela ocupação permanente das ruas e não somente a depender da divulgação de inócuas moções de repúdio e de ações eleitorais ainda por acontecer.
É vergonhoso para nós ver gente em outros países ocupando às ruas contra Bolsonaro enquanto no Brasil repercute o nosso silêncio como se a obrigação de realizar manifestações para valer não fosse primeiramente nossa. Aliás, isso revela covardia.
Como disse Renato Russo, em uma de suas canções, “Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?” Sim, eu faço minhas as palavras de Russo: quem roubou nossa coragem?
Estamos inertes, além de politicamente cegos. Não conseguimos ver para onde o Brasil está sendo empurrado. A destruição da nação tal como esse governo de jagunços está fazendo não permite que sonhemos com um futuro para nós, nossos filhos e netos. E ainda assim nos recusamos a fazer a luta para mudar de vez essa terrível agressão contra nossos direitos e a nossa dignidade.
Há ainda que se perguntar pelos sindicatos, com seu histórico de lutas e hoje inteiramente ausentes no cumprimento do seu papel de combatentes da luta social. Pois suas respectivas representações são as que mais estão sofrendo as consequências resultantes das ações desse governo. Sem a sua direção no comando como pode o sindicalismo querer que os trabalhadores realizem ação mobilizadora?
Enfim, já não basta ir às redes sociais dizer: "Fora Bolsonaro”! É preciso ação organizada voltada a ocupar novamente as ruas do país visando o afastamento desse genocida para em seguida darmos início à reconstrução do Brasil.
Paulo Henrique Viana (Paulão) é Secretário-Geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentação de São Paulo