O certo é que, enquanto não existe uma legislação sobre o tema, incontáveis oportunistas, de forma similar aos organizadores de pirâmides financeiras, bombardeiam as redes sociais com depoimentos de “celebridades”, que ganharam muito dinheiro fazendo apostas online. Porém, são propagandas pagas, além de um meio de lavagem de dinheiro.
Desde 2022, a Polícia Federal vem investigando sites ilegais, que não pagam os prêmios prometidos, ou que foram constituídos como forma de legalizar dinheiro obtido de forma ilícita. Começaram a surgir nomes de cantores e celebridades que, inclusive, tiveram bens e recursos financeiros bloqueados, até que seja concluída a investigação, que está sob sigilo. A questão central é descobrir a existência da prática recorrente de crimes contra os incautos apostadores.
Realmente, o Brasil não é um país para amadores. Quem rouba um litro de leite é preso em flagrante, enquanto criminosos de alta periculosidade, estelionatários de colarinho branco e empresários sonegadores continuam à solta. Por que a Justiça é seletiva?
O maior exemplo da impunidade, da morosidade e da omissão da Justiça é a presença de um ministro do Supremo Tribunal Federal em um iate, cuja diária chega a um milhão de reais, ancorado em uma ilha grega, para comemorar o aniversário de um cantor sertanejo investigado por ligações com pessoas que operam sites de apostas ilegalmente. O inacreditável é que, nessa festa, estava presente um amigo do referido cantor, que é considerado foragido pela Justiça brasileira – sendo que alguns negócios ocorridos entre ambos também estão sendo investigados.
É certo que qualquer acusado de crime tem o direito a uma ampla defesa, mas como explicar a presença de um ministro do STF em uma festa ao lado de um investigado e de um foragido? Como acreditar que o referido ministro, que estava em missão em Roma, não usou recursos públicos para deslocar-se 1.500 quilômetros e parabenizar o amigo sertanejo? O pior é uma pessoa pública do Poder Judiciário deixar dúvidas sobre a lisura de sua conduta.
O Brasil, que já sofre com o jogo do bicho e a sua proximidade com o crime organizado, agora sofre com a peste das apostas online. Não por acaso, grandes meios de comunicação e empresários defendem a regulamentação das bets, pois, com certeza, eles já estão preparados para operar neste novo nicho de mercado ou lucrar com a legalização do jogo no Brasil.
O Brasil, que já sofre com o jogo do bicho, agora sofre com as apostas online. O povo tem o direito de “investir” seu dinheiro onde quiser, mas ser enganado por propagandas de influencers e, também, programas de computador que roubam seus recursos, é um absurdo. Tem que investigar e punir!
Eduardo Annunciato – Chicão
Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA e do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo – STIEESP e Vice-presidente da Força Sindical
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