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Artigos
Por um Brasil produtivo e para todos
sexta-feira, 8 de julho de 2011
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Historicamente, quando surgem os primeiros sinais de dificuldades na economia, são os trabalhadores organizados por meio de seus sindicatos que dão o sinal de que algo está errado e, sendo assim, se mobilizam para evitar que o pior possa acontecer. É o caso neste momento no Brasil em que a condução da economia brasileira no que diz respeito ao desenvolvimento industrial revela uma faceta nada compatível com que espera de uma ação de governo com viés desenvolvimentista.
Isto porque a política de juros altos e câmbio sobrevalorizado mantida pelo governo da presidente Dilma, está colocando em xeque o próprio crescimento econômico, uma vez que a produção nacional entra em uma fase de desaquecimento, as exportações diminuem e, por outro lado, tem aumentado consideravelmente as importações, o que provoca o fechamento de empresas e desemprega trabalhadores.
Contra essa política, no mínimo equivocada, é que os trabalhadores metalúrgicos representados por diversos sindicatos na Grande São Paulo realizaram esta semana manifestação para chamar a atenção da sociedade para o problema que é do interesse da maioria dos brasileiros. Até porque o ritmo de crescimento da nossa economia que já dura alguns anos contribui decisivamente para a geração de empregos e, aliada a outras medidas, entre elas a ação sindical reivindicativa que proporciona a conquista de aumento real dos salários, possibilita as condições para a chamada inclusão social que nada mais é do que a ampliação do chamados direitos de cidadania.
São diversos os problemas gerados pelos altos juros e moeda sobrevalorizada. Apenas em 2010 deixaram de ser criados no setor automotivo cerca de 103 mil novos empregos e, no geral, ocorreu uma significativa redução da participação da indústria nacional no Produto Interno Bruto (PIB). Para se ter uma idéia do tamanho do prejuízo, na década de 80 era de 27,2% a participação da indústria no PIB brasileiro e em 2010 caiu para 15,9%.
Para a região do ABC Paulista o quadro que se apresenta é ainda muito mais grave, já que sendo uma área na qual predomina a indústria de transformação o processo de desindustrialização é sentido de maneira muito mais rápida do que em outros lugares e os seus efeitos deletérios muito mais acentuados. Por isso a necessidade de mobilização, de junção de força, no sentido de mostrar ao governo e à sociedade que os trabalhadores compreendem o momento vivido e estão dispostos a ir à luta para defender os seus justos e legítimos interesses. Especialmente o direito a ter um emprego decente e a sonhar com um futuro no qual a dignidade não seja posta em questão.
Aparecido Inácio da Silva
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul