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Presidente da Força reúne-se com Ministro Marcio Macêdo O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, reuniu-se com o Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macêdo, nesta terça-feira (4), debater propostas para o Brasil.

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Direitos Humanos e Cidadania

PEC das Domésticas completa cinco anos, mas informalidade ainda é alta

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Direitos Humanos e Cidadania

PEC das Domésticas completa cinco anos, mas informalidade ainda é alta

Atualmente, menos de 30% das domésticas têm carteira assinada. ‘A emenda foi o resgate de uma dívida que o país tinha’, diz ministra sobre PEC das Domésticas.
PEC das Domésticas completa cinco anos, mas informalidade ainda é altaCrédito: Divulgação

Cinco anos atrás, em 3 de abril de 2013, era aprovada a lei que equiparava os direitos dos empregados domésticos aos dos demais trabalhadores. A chamada PEC das Domésticas estabelecia, por exemplo, jornada de trabalho de 44 horas semanais e pagamento de horas extras. Os direitos foram ampliados em 2015, quando tornou-se obrigatório o recolhimento do FGTS e o pagamento de seguro-desemprego. Apesar da legislação, a informalidade continua alta. Segundo especialistas, em grande parte resultado da recessão no país.

Em 2013, o Brasil tinha 1,855 milhão de trabalhadores domésticos formalizados. Em 2017, o número passou para 1,876 milhão, aumento de apenas 21 mil registros. Quando leva-se em conta o total de domésticos, com e sem registro, o Brasil saiu de 5,9 milhões, em 2013, para 6,3 milhões, em 2017: um aumento de 400 mil trabalhadores.

Mesmo com o número ainda pequeno de carteiras assinadas, Hildete Pereira de Melo, economista e professora da UFF, considera a PEC muito importante para garantir segurança trabalhista às mulheres, que representam a maior parte dos domésticos:
— Foi um momento de Justiça para as mulheres. O trabalho doméstico, que foi ignorado por anos, só ganhou regulamentações no século XXI.
Entre 2015 e 2016, o número de trabalhadores domésticos diminuiu. Passou de 6,2 milhões para 6,1 milhões, sendo que o total de profissionais registrados caiu de 2 milhões para 1,9 milhão. João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, destaca os efeitos da crise:
— Até 2014, a economia ainda crescia. Mas, em 2015, a crise chegou com força total. De um modo geral, todos os postos de trabalho com carteira assinada sofreram cortes. Em 2017, o mercado de trabalho deu alguns sinais de melhora, entretanto, o ritmo de recuperação ainda é muito inferior ao volume de perdas.
Quanto à renda, em 2013, a média dos rendimentos era de R$ 826. Em 2017, passou para R$ 852, abaixo do salário mínimo nacional, que na época era de R$ 937. No caso dos formais, houve um ligeiro aumento no período, passando de R$ 1.112, em 2013, para R$ 1.198, em 2017.
Para Mario Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal, o cumprimento das normas precisa melhorar:
— A PEC foi e é muito boa, e não só para o trabalhador. O empregado ganha em direitos, e o empregador fica tranquilo com suas obrigações. Mas ainda é preciso maior conscientização sobre a lei e fiscalização sobre o cumprimento dela.

‘A emenda foi o resgate de uma dívida que o país tinha’, diz ministra sobre PEC das Domésticas
Para Delaíde Arantes, houve melhora na condição social e na autoestima, mas ainda há o que evoluir em equiparação de direitos com demais trabalhadores
Delaíde Arantes, ex-empregada doméstica que virou ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), diz que a PEC permitiu às trabalhadoras uma segunda opção durante a crise no mercado de trabalho. Mas destacou que elas ainda não têm os mesmos direitos dos trabalhadores rurais e urbanos.
Cinco anos após a promulgação da PEC das Domésticas, o que comemorar?
– A emenda veio tarde, mas foi essencial. Foi o resgate de uma dívida que o país tinha com as trabalhadoras domésticas. Digo assim porque as mulheres são maioria. A emenda trouxe melhoria na condição social e na autoestima das trabalhadoras. Durante a crise e a alta do desemprego, muitas procuraram serviço doméstico como segunda opção, e, sem as garantias da emenda, isso não seria possível. A principal vantagem foi a igualdade quase plena dos direitos.

Não foi plena? O que falta?
– Não foi plena porque a Constituição continua classificando os trabalhadores entre domésticos, rurais e urbanos. Isso não foi alterado, e, por isso, a CLT não se aplica automaticamente aos domésticos. O que a emenda fez foi estender uma série de direitos dos demais aos domésticos, como FGTS e Previdência. Em algum momento, precisamos fazer a equiparação total.

Que tipo de direito os domésticos não têm?
– A cobrança de multa por atraso do acerto das verbas rescisórias, por exemplo. Como a CLT não se aplica aos domésticos na sua totalidade, os advogados precisam analisar a emenda, regulamentação que veio depois, para ver se há direito correspondente.

Qual o impacto da PEC na formalização da categoria?
– Houve aumento da formalidade, mas não atingiu o esperado. Isso tem relação com a conscientização do empregador.

Qual o impacto da reforma trabalhista para os trabalhadores domésticos?
– Negativo. A flexibilização de direitos atinge em alto grau os terceirizados, os trabalhadores mais vulneráveis. Considero precários os contratos introduzidos pela reforma, como intermitente e autônomo. A princípio, eles não se aplicam aos domésticos, mas vejo chance de isso acontecer.

 

Fonte: jornal O Globo

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