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São Paulo (SP): A madrugada de quem trabalha ou vive na rua
quarta-feira, 29 de junho de 2011
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Na noite mais fria do ano, garis encolhidos, bares fechados e sem-teto dormindo em grupos
Garis, vendedores e moradores de rua tiveram dificuldade para aguentar o frio na noite mais fria do ano – na madrugada de ontem, a temperatura chegou a 2,3ºC na zona sul da cidade, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
Na região central, moradores de rua se juntavam em grupos para tentar escapar do frio. Um deles, de 29 anos, que não quis identificar-se, tentava dormir perto de 15 pessoas na calçada. Atrás do Mercado Municipal, na Rua da Cantareira, outros três sem-teto faziam uma fogueira para se aquecer.
Trabalhadores da madrugada também sofriam. Na Praça da República, dois garis recolhiam folhas. ‘O jeito é não parar um segundo para não lembrar do frio, que congela até as orelhas’, disse Jorge Santos, de 45 anos.
Com camiseta, três blusas, gorro e luvas, às 2 horas ele se preparava para tirar uma pausa para o café, que o faria aguentar até o final do expediente, às 5 horas – ele havia começado a trabalhar às 22h.
No Mercado Municipal, vendedores de frutas e verduras se encolhiam debaixo de tendas. As garrafas térmicas de café já estavam vazias às 3 horas e o trabalho seguiria até o amanhecer.
Apesar da baixa temperatura, Jurandir Fernandes, de 22 anos, um dos vendedores, mantinha o otimismo. ‘Na chuva, ficamos encharcados e acabamos passando mais frio. Pelo menos hoje não choveu.’
Bares fechados. Na Vila Madalena, tradicional reduto boêmio na zona oeste de São Paulo, pouco depois da meia-noite a maioria dos bares já estava fechada.
O publicitário soteropolitano George Vasconcelos, de 30 anos, havia chegado em São Paulo poucas horas antes, deixado as malas no hotel, na Avenida Paulista, e partido com dois amigos direto para o bar José Menino, um dos poucos abertos no bairro. Encolhido, com gorro na cabeça, ele sofria com o frio. ‘Na minha terra faz 15ºC e o povo já fica louco. Congelar desse jeito é impensável lá.’
O coordenador do bar, Danilo Carlos, de 28 anos, contou que nesta época o número de casais que frequentam a casa aumenta e o tradicional chopinho é muitas vezes substituído pelo vinho. ‘Acabamos fechando mais cedo’, conta. Pouco depois da meia-noite, o bar já estava fechando.