Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
8 OUT 2025

Imagem do dia

Seminário Pré-COP30; FOTOS

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Memória Sindical

1985: Os trabalhadores da Rheem

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Memória Sindical

1985: Os trabalhadores da Rheem

Em 1985 um conflito entre a fábrica Rheem, que produzia embalagens de lata, e seus funcionários, que trabalhavam em condições degradantes e com baixos salários, marcou a decadência da famigerada Lei 4.330, a lei antigreve.

Naquela época a Rheem, localizada na Chácara Santo Antônio, tinha um alto índice de trabalhadores com membros “mutilados” nas máquinas porque, segundo diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a fábrica, para pagar menos, contratava trabalhadores como ajudantes e os fazia operar prensas, sem treinamento. Além disso, aquela metalúrgica não oferecia aos seus funcionários a possibilidade de ascender dentro da fábrica, a chamada “equiparação salarial”, nivelando os salários ao valor mais baixo.

Após reivindicações dos trabalhadores, a empresa chegou a prometer melhorias, como registrar os “ajudantes” em suas reais funções e promover a almejada equiparação salarial a partir de 1º de julho de 1985. Como o prometido não foi cumprido, os trabalhadores procuraram o Sindicato.

Naquela fábrica haviam poucos sindicalizados: 56 em um contingente de cerca de 1.500 pessoas. Mas, em um dia de agosto de 1985, os diretores da subsede da Zona Sul foram surpreendidos com a chegada de mais de setenta trabalhadores da Rheem. Recebidos pelo diretor Milton Brum, eles reclamaram que os patrões não haviam cumprido o prometido, e que colocaram policiais dentro e fora da fábrica para inibir a realização de assembleias.

Greve
O Sindicato, então, fez um boletim afirmando que a Rheem não atendia reivindicações “porque não queria”, uma vez que em 31 de dezembro de 1984 apresentou um crescimento de 256,4%. Mas a empresa não abriu negociação.

Como não houve solução, os trabalhadores, apoiados pelo Sindicato, resolveram entrar em greve por equiparação salarial, classificação na carteira, estabilidade no emprego, adicional de insalubridade, aumento real, redução da jornada de 48 para quarenta horas semanais e a imediata retirada dos policiais de dentro da fábrica.

Diversas maneiras de negociar foram buscadas. No dia 3 de setembro, cerca de 150 metalúrgicos realizaram uma manifestação no Palácio dos Bandeirantes, sob o governo de Franco Montoro, para buscar apoio e chamar a atenção do setor público sobre a intransigência da empresa. Mas nada disto levou a empresa a negociar. E a greve foi parar no tribunal.

Os trabalhadores sabiam que o julgamento seria contra eles. Isto porque a Lei de Greve 4.330, promulgada em 1º de junho de 1964, no regime militar, restringia a greve à cobrança de salários atrasados.

Trabalhadores jogam ovos no Tribunal
O Sindicato, presidido na época por Joaquim dos Santos Andrade, Joaquinzão, entretanto, achou que era hora de tomar alguma atitude para desmoralizar aquela lei apelidada pelos trabalhadores de lei antigreve.

O metalúrgico Miguel Torres, atual presidente do Sindicato, lembra que, como eles já sabiam o desfecho, pensaram em uma maneira de desmoralizar o processo judicial: “Achamos que era o caso de jogar ovos no Tribunal. O Geraldo Magela, o João Carlos Juruna, o Walter Schiavon e eu tivemos essa ideia. Escolhemos 24 pessoas que levariam um ovo cada um e, na hora em que eles falassem que as reivindicações eram justas, mas que a greve era ilegal, alguém gritaria ‘filho da puta’ e jogaríamos os ovos”.

Assim, no dia 4 de setembro, uma quarta-feira chuvosa, às 16:30 horas, quando o juiz Nelson Medeiros, proclamou que a greve era ilegal, uma intensa revolta agitou os trabalhadores, que manifestaram seu repúdio contra tal decisão.

João Carlos Gonçalves, Juruna, 2º vice-presidente do Sindicato, conta que “só as 24 pessoas sabiam dos ovos. Mas, quando começamos a ação, os trabalhadores foram para cima dos patrões e dos juízes, com guarda-chuvas e tudo. Nossos diretores e advogados foram acalmando o pessoal porque a ideia era só desmoralizar a lei, e não agredir ninguém”. Dali, os cerca de trezentos trabalhadores, saíram em caminhada até a Praça da Sé.

“Fábrica de moer carne”
Em artigo publicado no jornal Notícias Populares (setembro de 1985), o deputado federal, cassado em 1968, médico do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Davi Lerer, classificou a Rheem como “fábrica de moer carne”. Lerer relatou que um trabalhador da Rheem esticou-lhe a mão esmigalhada com três dedos a menos e disse: “Me obrigaram a trabalhador com duas prensas ao mesmo tempo. Não me ensinaram o serviço. Eu, com medo de perder o trampo, calava. A prensa não tinha proteção e lá se foram os dedos”.

Até o fim a empresa se negou a negociar. Mas, pressionada, porque os trabalhadores mantiveram a greve, três meses depois fez a equiparação salarial.

O episódio repercutiu em quase todas as fábricas e serviu como exemplo. “Eu me lembro que a primeira greve julgada depois dessa foi a dos bancários. Na época, o presidente era o Luiz Gushiken. O nosso Sindicato ajudou fazendo piquetes. E quando foi julgada, pela primeira vez, o Tribunal deu aumento real. Uma coisa que nunca tinha acontecido desde o golpe. Isso desencadeou um clima de debate. A Lei de Greve acabou sendo desacreditada. Os juízes perceberam que poderiam ser mais conciliadores. Era o que os trabalhadores queriam, que a lei fosse mais democrática e permitisse a realização da greve”, lembra Miguel Torres.

A Lei de Greve 4.330 foi desgastada e desmoralizada por episódios como este. Sua completa mudança se deu na Constituição de 1988, que dispôs, em seu art. 9º, que: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

memoria101

 

Últimas de Memória Sindical

Todas de Memória Sindical
Intercâmbio sindical entre SISPESP e JILAF fortalece cooperação Brasil-Japão
Força 17 OUT 2025

Intercâmbio sindical entre SISPESP e JILAF fortalece cooperação Brasil-Japão

Sindicalistas debatem CODEFAT, COP30 e agenda legislativa nacional
Força 17 OUT 2025

Sindicalistas debatem CODEFAT, COP30 e agenda legislativa nacional

Nota das Centrais Sindicais: Defender a paz na Venezuela é proteger a América Latina
Força 17 OUT 2025

Nota das Centrais Sindicais: Defender a paz na Venezuela é proteger a América Latina

Sintrabor divulga palesta sobre CIPA: formação, prevenção e dignidade no trabalho
Força 16 OUT 2025

Sintrabor divulga palesta sobre CIPA: formação, prevenção e dignidade no trabalho

Seminário do SMC debate aumento de transtornos mentais no trabalho
Força 16 OUT 2025

Seminário do SMC debate aumento de transtornos mentais no trabalho

Força Sindical marca presença no SindiMais 2025 em São Paulo
Força 16 OUT 2025

Força Sindical marca presença no SindiMais 2025 em São Paulo

Mato Grosso realiza etapa estadual da II Conferência do Trabalho
Força 16 OUT 2025

Mato Grosso realiza etapa estadual da II Conferência do Trabalho

Redução da jornada é vital para juventude brasileira
Imprensa 16 OUT 2025

Redução da jornada é vital para juventude brasileira

Sindec notifica 70 empresas por descumprirem CCT em Porto Alegre
Força 16 OUT 2025

Sindec notifica 70 empresas por descumprirem CCT em Porto Alegre

Mutirão reforça mobilização em Cotia e Vargem Grande por aumento real
Força 15 OUT 2025

Mutirão reforça mobilização em Cotia e Vargem Grande por aumento real

Da Silva entrega carta em defesa dos motoristas à Miguel Torres
Força 15 OUT 2025

Da Silva entrega carta em defesa dos motoristas à Miguel Torres

Festa da Criança dos Metalúrgicos reúne quatro mil no Clube de Campo
Força 14 OUT 2025

Festa da Criança dos Metalúrgicos reúne quatro mil no Clube de Campo

Show de Prêmios reúne associados do Sindnapi em Joinville
Força 14 OUT 2025

Show de Prêmios reúne associados do Sindnapi em Joinville

Brinquedos: categoria conquista 7% e mantém direitos sociais
Força 14 OUT 2025

Brinquedos: categoria conquista 7% e mantém direitos sociais

Plenária Final definirá pautas da COP30 e Pós-COP
COP-30 14 OUT 2025

Plenária Final definirá pautas da COP30 e Pós-COP

Escala 6×1 impacta saúde e vida social dos trabalhadores
Força 13 OUT 2025

Escala 6×1 impacta saúde e vida social dos trabalhadores

Sindicalistas defendem sustentabilidade e empregos na indústria química
Força 13 OUT 2025

Sindicalistas defendem sustentabilidade e empregos na indústria química

Reforma trabalhista: modernização do atraso; por Carolina Maria Ruy
Força 13 OUT 2025

Reforma trabalhista: modernização do atraso; por Carolina Maria Ruy

Força Sindical participa ativamente da PRECOP30 em Brasília
Força 10 OUT 2025

Força Sindical participa ativamente da PRECOP30 em Brasília

Imposto de Renda: uma grande vitória
Artigos 10 OUT 2025

Imposto de Renda: uma grande vitória

Força Sindical visita INFOTEP e fortalece cooperação internacional
Força 10 OUT 2025

Força Sindical visita INFOTEP e fortalece cooperação internacional

Mais de um terço dos trabalhadores brasileiros ganham até um salário-mínimo
Imprensa 10 OUT 2025

Mais de um terço dos trabalhadores brasileiros ganham até um salário-mínimo

Miguel Torres participa de encontro e posse da FETERCESP
Força 10 OUT 2025

Miguel Torres participa de encontro e posse da FETERCESP

Tarifaço de Trump e o tarifaço do Banco Central (Juros Altos)
Palavra do Presidente 10 OUT 2025

Tarifaço de Trump e o tarifaço do Banco Central (Juros Altos)

Força Sindical participa de roda de conversa no MPT
Força 9 OUT 2025

Força Sindical participa de roda de conversa no MPT

Negociação salarial dos frentistas do RJ continua sem acordo
Força 9 OUT 2025

Negociação salarial dos frentistas do RJ continua sem acordo

Calor extremo no trabalho exige respostas imediatas
Imprensa 9 OUT 2025

Calor extremo no trabalho exige respostas imediatas

Greve garante vitória dos trabalhadores da Brinquedos Estrela
Força 9 OUT 2025

Greve garante vitória dos trabalhadores da Brinquedos Estrela

Intensificação do trabalho docente no EaD gera alerta nacional
Força 9 OUT 2025

Intensificação do trabalho docente no EaD gera alerta nacional

Renan Calheiros se reúne com centrais para debater isenção do IR
Força 8 OUT 2025

Renan Calheiros se reúne com centrais para debater isenção do IR

Aguarde! Carregando mais artigos...