Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
29 ABR 2025

Imagem do dia

[caption id="attachment_69212" align="aligncenter" width="1024"]Veja fotos da Plenária e Caminhada da Classe Trabalhadora Veja fotos da Plenária e Caminhada da Classe Trabalhadora[/caption]

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Memória Sindical

1985: Os trabalhadores da Rheem

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Memória Sindical

1985: Os trabalhadores da Rheem

Em 1985 um conflito entre a fábrica Rheem, que produzia embalagens de lata, e seus funcionários, que trabalhavam em condições degradantes e com baixos salários, marcou a decadência da famigerada Lei 4.330, a lei antigreve.

Naquela época a Rheem, localizada na Chácara Santo Antônio, tinha um alto índice de trabalhadores com membros “mutilados” nas máquinas porque, segundo diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a fábrica, para pagar menos, contratava trabalhadores como ajudantes e os fazia operar prensas, sem treinamento. Além disso, aquela metalúrgica não oferecia aos seus funcionários a possibilidade de ascender dentro da fábrica, a chamada “equiparação salarial”, nivelando os salários ao valor mais baixo.

Após reivindicações dos trabalhadores, a empresa chegou a prometer melhorias, como registrar os “ajudantes” em suas reais funções e promover a almejada equiparação salarial a partir de 1º de julho de 1985. Como o prometido não foi cumprido, os trabalhadores procuraram o Sindicato.

Naquela fábrica haviam poucos sindicalizados: 56 em um contingente de cerca de 1.500 pessoas. Mas, em um dia de agosto de 1985, os diretores da subsede da Zona Sul foram surpreendidos com a chegada de mais de setenta trabalhadores da Rheem. Recebidos pelo diretor Milton Brum, eles reclamaram que os patrões não haviam cumprido o prometido, e que colocaram policiais dentro e fora da fábrica para inibir a realização de assembleias.

Greve
O Sindicato, então, fez um boletim afirmando que a Rheem não atendia reivindicações “porque não queria”, uma vez que em 31 de dezembro de 1984 apresentou um crescimento de 256,4%. Mas a empresa não abriu negociação.

Como não houve solução, os trabalhadores, apoiados pelo Sindicato, resolveram entrar em greve por equiparação salarial, classificação na carteira, estabilidade no emprego, adicional de insalubridade, aumento real, redução da jornada de 48 para quarenta horas semanais e a imediata retirada dos policiais de dentro da fábrica.

Diversas maneiras de negociar foram buscadas. No dia 3 de setembro, cerca de 150 metalúrgicos realizaram uma manifestação no Palácio dos Bandeirantes, sob o governo de Franco Montoro, para buscar apoio e chamar a atenção do setor público sobre a intransigência da empresa. Mas nada disto levou a empresa a negociar. E a greve foi parar no tribunal.

Os trabalhadores sabiam que o julgamento seria contra eles. Isto porque a Lei de Greve 4.330, promulgada em 1º de junho de 1964, no regime militar, restringia a greve à cobrança de salários atrasados.

Trabalhadores jogam ovos no Tribunal
O Sindicato, presidido na época por Joaquim dos Santos Andrade, Joaquinzão, entretanto, achou que era hora de tomar alguma atitude para desmoralizar aquela lei apelidada pelos trabalhadores de lei antigreve.

O metalúrgico Miguel Torres, atual presidente do Sindicato, lembra que, como eles já sabiam o desfecho, pensaram em uma maneira de desmoralizar o processo judicial: “Achamos que era o caso de jogar ovos no Tribunal. O Geraldo Magela, o João Carlos Juruna, o Walter Schiavon e eu tivemos essa ideia. Escolhemos 24 pessoas que levariam um ovo cada um e, na hora em que eles falassem que as reivindicações eram justas, mas que a greve era ilegal, alguém gritaria ‘filho da puta’ e jogaríamos os ovos”.

Assim, no dia 4 de setembro, uma quarta-feira chuvosa, às 16:30 horas, quando o juiz Nelson Medeiros, proclamou que a greve era ilegal, uma intensa revolta agitou os trabalhadores, que manifestaram seu repúdio contra tal decisão.

João Carlos Gonçalves, Juruna, 2º vice-presidente do Sindicato, conta que “só as 24 pessoas sabiam dos ovos. Mas, quando começamos a ação, os trabalhadores foram para cima dos patrões e dos juízes, com guarda-chuvas e tudo. Nossos diretores e advogados foram acalmando o pessoal porque a ideia era só desmoralizar a lei, e não agredir ninguém”. Dali, os cerca de trezentos trabalhadores, saíram em caminhada até a Praça da Sé.

“Fábrica de moer carne”
Em artigo publicado no jornal Notícias Populares (setembro de 1985), o deputado federal, cassado em 1968, médico do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Davi Lerer, classificou a Rheem como “fábrica de moer carne”. Lerer relatou que um trabalhador da Rheem esticou-lhe a mão esmigalhada com três dedos a menos e disse: “Me obrigaram a trabalhador com duas prensas ao mesmo tempo. Não me ensinaram o serviço. Eu, com medo de perder o trampo, calava. A prensa não tinha proteção e lá se foram os dedos”.

Até o fim a empresa se negou a negociar. Mas, pressionada, porque os trabalhadores mantiveram a greve, três meses depois fez a equiparação salarial.

O episódio repercutiu em quase todas as fábricas e serviu como exemplo. “Eu me lembro que a primeira greve julgada depois dessa foi a dos bancários. Na época, o presidente era o Luiz Gushiken. O nosso Sindicato ajudou fazendo piquetes. E quando foi julgada, pela primeira vez, o Tribunal deu aumento real. Uma coisa que nunca tinha acontecido desde o golpe. Isso desencadeou um clima de debate. A Lei de Greve acabou sendo desacreditada. Os juízes perceberam que poderiam ser mais conciliadores. Era o que os trabalhadores queriam, que a lei fosse mais democrática e permitisse a realização da greve”, lembra Miguel Torres.

A Lei de Greve 4.330 foi desgastada e desmoralizada por episódios como este. Sua completa mudança se deu na Constituição de 1988, que dispôs, em seu art. 9º, que: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

memoria101

 

Últimas de Memória Sindical

Todas de Memória Sindical
Lula convida Miguel Torres a seguir no Conselhão até 2027
Força 4 AGO 2025

Lula convida Miguel Torres a seguir no Conselhão até 2027

Ato em Porto Alegre fortalece luta pelo fim da escala 6×1
Força 4 AGO 2025

Ato em Porto Alegre fortalece luta pelo fim da escala 6×1

Jornada Nacional promove debate sobre reforma do IR
Força 4 AGO 2025

Jornada Nacional promove debate sobre reforma do IR

Greve da limpeza urbana mobiliza seis cidades da Baixada
Força 4 AGO 2025

Greve da limpeza urbana mobiliza seis cidades da Baixada

Mesa farta: mais direitos e dignidade
Artigos 4 AGO 2025

Mesa farta: mais direitos e dignidade

OIT celebra metas do G20 por juventude e igualdade de gênero
Força 4 AGO 2025

OIT celebra metas do G20 por juventude e igualdade de gênero

Força Sindical apoia greve do Siemaco na Baixada Santista
Força 4 AGO 2025

Força Sindical apoia greve do Siemaco na Baixada Santista

Maria Antonia, do Sindnapi, é eleita para 5ª Conferência Nacional
Força 4 AGO 2025

Maria Antonia, do Sindnapi, é eleita para 5ª Conferência Nacional

Tarifaço dos EUA ameaça setor pneumático, alerta Márcio Ferreira
Força 1 AGO 2025

Tarifaço dos EUA ameaça setor pneumático, alerta Márcio Ferreira

Sindnapi itinerante leva atendimento previdenciário a Tabatinga/AM
Força 1 AGO 2025

Sindnapi itinerante leva atendimento previdenciário a Tabatinga/AM

Posse marca início da gestão 2025/2029 do Sindicato dos Metalúrgicos
Força 1 AGO 2025

Posse marca início da gestão 2025/2029 do Sindicato dos Metalúrgicos

Trabalhadores protestam contra protecionismo de Trump em SP
Força 1 AGO 2025

Trabalhadores protestam contra protecionismo de Trump em SP

Sindicato de Cruzeiro investe em energia solar e reduz custos
Força 1 AGO 2025

Sindicato de Cruzeiro investe em energia solar e reduz custos

Trabalhadores da Schioppa aprovam PLR com reajuste e folgas
Força 1 AGO 2025

Trabalhadores da Schioppa aprovam PLR com reajuste e folgas

Força Sindical realiza conferência por igualdade e democracia
Força 31 JUL 2025

Força Sindical realiza conferência por igualdade e democracia

Veja fotos da Conferência Livre de Mulheres
Força 31 JUL 2025

Veja fotos da Conferência Livre de Mulheres

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente
Artigos 31 JUL 2025

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente

Força convoca mulheres para 5ª Conferência por igualdade
Força 31 JUL 2025

Força convoca mulheres para 5ª Conferência por igualdade

Frentistas do RJ reivindicam aumento real nos salários
Força 31 JUL 2025

Frentistas do RJ reivindicam aumento real nos salários

Nota das Centrais Sindicais – Sanções dos EUA a Alexandre de Moraes são ataques unilaterais ao Brasil
Força 31 JUL 2025

Nota das Centrais Sindicais – Sanções dos EUA a Alexandre de Moraes são ataques unilaterais ao Brasil

Nota sobre taxa selic – Depois de Trump, o Tarifaço do Banco Central
Força 30 JUL 2025

Nota sobre taxa selic – Depois de Trump, o Tarifaço do Banco Central

Nota de Solidariedade ao ministro do STF, Alexandre de Moraes
Força 30 JUL 2025

Nota de Solidariedade ao ministro do STF, Alexandre de Moraes

Encontro Nacional reforça compromisso com trabalho seguro e saudável; ao vivo
Força 30 JUL 2025

Encontro Nacional reforça compromisso com trabalho seguro e saudável; ao vivo

Agasalho faz parte do uniforme do frentista da cidade do RJ
Força 30 JUL 2025

Agasalho faz parte do uniforme do frentista da cidade do RJ

Sintraf-Petrolina celebra Dia do Agricultor Familiar com valorização
Força 30 JUL 2025

Sintraf-Petrolina celebra Dia do Agricultor Familiar com valorização

Isalia Damacena é eleita delegada na Conferência das Mulheres
Força 30 JUL 2025

Isalia Damacena é eleita delegada na Conferência das Mulheres

Trabalhadores fazem ato contra o tarifaço de Trump e em defesa da soberania
Força 30 JUL 2025

Trabalhadores fazem ato contra o tarifaço de Trump e em defesa da soberania

Negociação coletiva protege trabalhador diante da inovação tecnológica
Imprensa 29 JUL 2025

Negociação coletiva protege trabalhador diante da inovação tecnológica

Lula sanciona lei que amplia acesso ao Crédito do Trabalhador
Imprensa 29 JUL 2025

Lula sanciona lei que amplia acesso ao Crédito do Trabalhador

Costureiras SP mobilizadas para campanha salarial 2025
Força 29 JUL 2025

Costureiras SP mobilizadas para campanha salarial 2025

Aguarde! Carregando mais artigos...