Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
25 OUT 2024

Imagem do dia

Sindirefeições São Paulo celebra outubro Rosa com café da manhã

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Memória Sindical

1985: Os trabalhadores da Rheem

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Memória Sindical

1985: Os trabalhadores da Rheem

Em 1985 um conflito entre a fábrica Rheem, que produzia embalagens de lata, e seus funcionários, que trabalhavam em condições degradantes e com baixos salários, marcou a decadência da famigerada Lei 4.330, a lei antigreve.

Naquela época a Rheem, localizada na Chácara Santo Antônio, tinha um alto índice de trabalhadores com membros “mutilados” nas máquinas porque, segundo diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a fábrica, para pagar menos, contratava trabalhadores como ajudantes e os fazia operar prensas, sem treinamento. Além disso, aquela metalúrgica não oferecia aos seus funcionários a possibilidade de ascender dentro da fábrica, a chamada “equiparação salarial”, nivelando os salários ao valor mais baixo.

Após reivindicações dos trabalhadores, a empresa chegou a prometer melhorias, como registrar os “ajudantes” em suas reais funções e promover a almejada equiparação salarial a partir de 1º de julho de 1985. Como o prometido não foi cumprido, os trabalhadores procuraram o Sindicato.

Naquela fábrica haviam poucos sindicalizados: 56 em um contingente de cerca de 1.500 pessoas. Mas, em um dia de agosto de 1985, os diretores da subsede da Zona Sul foram surpreendidos com a chegada de mais de setenta trabalhadores da Rheem. Recebidos pelo diretor Milton Brum, eles reclamaram que os patrões não haviam cumprido o prometido, e que colocaram policiais dentro e fora da fábrica para inibir a realização de assembleias.

Greve
O Sindicato, então, fez um boletim afirmando que a Rheem não atendia reivindicações “porque não queria”, uma vez que em 31 de dezembro de 1984 apresentou um crescimento de 256,4%. Mas a empresa não abriu negociação.

Como não houve solução, os trabalhadores, apoiados pelo Sindicato, resolveram entrar em greve por equiparação salarial, classificação na carteira, estabilidade no emprego, adicional de insalubridade, aumento real, redução da jornada de 48 para quarenta horas semanais e a imediata retirada dos policiais de dentro da fábrica.

Diversas maneiras de negociar foram buscadas. No dia 3 de setembro, cerca de 150 metalúrgicos realizaram uma manifestação no Palácio dos Bandeirantes, sob o governo de Franco Montoro, para buscar apoio e chamar a atenção do setor público sobre a intransigência da empresa. Mas nada disto levou a empresa a negociar. E a greve foi parar no tribunal.

Os trabalhadores sabiam que o julgamento seria contra eles. Isto porque a Lei de Greve 4.330, promulgada em 1º de junho de 1964, no regime militar, restringia a greve à cobrança de salários atrasados.

Trabalhadores jogam ovos no Tribunal
O Sindicato, presidido na época por Joaquim dos Santos Andrade, Joaquinzão, entretanto, achou que era hora de tomar alguma atitude para desmoralizar aquela lei apelidada pelos trabalhadores de lei antigreve.

O metalúrgico Miguel Torres, atual presidente do Sindicato, lembra que, como eles já sabiam o desfecho, pensaram em uma maneira de desmoralizar o processo judicial: “Achamos que era o caso de jogar ovos no Tribunal. O Geraldo Magela, o João Carlos Juruna, o Walter Schiavon e eu tivemos essa ideia. Escolhemos 24 pessoas que levariam um ovo cada um e, na hora em que eles falassem que as reivindicações eram justas, mas que a greve era ilegal, alguém gritaria ‘filho da puta’ e jogaríamos os ovos”.

Assim, no dia 4 de setembro, uma quarta-feira chuvosa, às 16:30 horas, quando o juiz Nelson Medeiros, proclamou que a greve era ilegal, uma intensa revolta agitou os trabalhadores, que manifestaram seu repúdio contra tal decisão.

João Carlos Gonçalves, Juruna, 2º vice-presidente do Sindicato, conta que “só as 24 pessoas sabiam dos ovos. Mas, quando começamos a ação, os trabalhadores foram para cima dos patrões e dos juízes, com guarda-chuvas e tudo. Nossos diretores e advogados foram acalmando o pessoal porque a ideia era só desmoralizar a lei, e não agredir ninguém”. Dali, os cerca de trezentos trabalhadores, saíram em caminhada até a Praça da Sé.

“Fábrica de moer carne”
Em artigo publicado no jornal Notícias Populares (setembro de 1985), o deputado federal, cassado em 1968, médico do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Davi Lerer, classificou a Rheem como “fábrica de moer carne”. Lerer relatou que um trabalhador da Rheem esticou-lhe a mão esmigalhada com três dedos a menos e disse: “Me obrigaram a trabalhador com duas prensas ao mesmo tempo. Não me ensinaram o serviço. Eu, com medo de perder o trampo, calava. A prensa não tinha proteção e lá se foram os dedos”.

Até o fim a empresa se negou a negociar. Mas, pressionada, porque os trabalhadores mantiveram a greve, três meses depois fez a equiparação salarial.

O episódio repercutiu em quase todas as fábricas e serviu como exemplo. “Eu me lembro que a primeira greve julgada depois dessa foi a dos bancários. Na época, o presidente era o Luiz Gushiken. O nosso Sindicato ajudou fazendo piquetes. E quando foi julgada, pela primeira vez, o Tribunal deu aumento real. Uma coisa que nunca tinha acontecido desde o golpe. Isso desencadeou um clima de debate. A Lei de Greve acabou sendo desacreditada. Os juízes perceberam que poderiam ser mais conciliadores. Era o que os trabalhadores queriam, que a lei fosse mais democrática e permitisse a realização da greve”, lembra Miguel Torres.

A Lei de Greve 4.330 foi desgastada e desmoralizada por episódios como este. Sua completa mudança se deu na Constituição de 1988, que dispôs, em seu art. 9º, que: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

memoria101

 

Últimas de Memória Sindical

Todas de Memória Sindical
Nota das centrais
Força 21 NOV 2024

Nota das centrais

Dieese promove o “Diálogos sobre Trabalho e Clima”
Força 21 NOV 2024

Dieese promove o “Diálogos sobre Trabalho e Clima”

Cesta básica fica 1,15% mais cara em outubro na capital paulista
Força 21 NOV 2024

Cesta básica fica 1,15% mais cara em outubro na capital paulista

Central intensifica luta pela regulamentação do setor dos trabalhadores em aplicativos
Força 21 NOV 2024

Central intensifica luta pela regulamentação do setor dos trabalhadores em aplicativos

Justa homenagem
Força 21 NOV 2024

Justa homenagem

A importância do Dia da Consciência Negra
Palavra do Presidente 20 NOV 2024

A importância do Dia da Consciência Negra

ADS promove debate sobre conjuntura e propostas para 2025
Força 19 NOV 2024

ADS promove debate sobre conjuntura e propostas para 2025

SinSaúdeSP protesta contra fechamento do Hospital Bela Vista
Força 19 NOV 2024

SinSaúdeSP protesta contra fechamento do Hospital Bela Vista

Movimento sindical contribuiu para o sucesso do G20 Social
Força 19 NOV 2024

Movimento sindical contribuiu para o sucesso do G20 Social

Cortar direitos sociais é inadmissível!
Força 19 NOV 2024

Cortar direitos sociais é inadmissível!

Nosso total apoio ao STF e ao ministro Alexandre de Morais
Força 19 NOV 2024

Nosso total apoio ao STF e ao ministro Alexandre de Morais

Dieese: Apesar dos avanços, desigualdade racial de rendimentos persiste
Força 18 NOV 2024

Dieese: Apesar dos avanços, desigualdade racial de rendimentos persiste

Katia Rodrigues é eleita na 13ª Conferência Regional Interamericana
Força 18 NOV 2024

Katia Rodrigues é eleita na 13ª Conferência Regional Interamericana

Veja fotos da participação da Força Sindical no G20 Social
Força 18 NOV 2024

Veja fotos da participação da Força Sindical no G20 Social

Centrais: Crescimento econômico, justiça social e democracia; nota
Força 18 NOV 2024

Centrais: Crescimento econômico, justiça social e democracia; nota

Força Sindical presente no G20 Social
Força 14 NOV 2024

Força Sindical presente no G20 Social

Redução da jornada
Artigos 14 NOV 2024

Redução da jornada

Por uma jornada de trabalho mais justa
Artigos 14 NOV 2024

Por uma jornada de trabalho mais justa

Químicos da Força assinam Convenção Coletiva
Força 14 NOV 2024

Químicos da Força assinam Convenção Coletiva

G20 Social começa nesta quinta-feira (14)
Força 14 NOV 2024

G20 Social começa nesta quinta-feira (14)

Redução da Jornada JÁ!
Força 13 NOV 2024

Redução da Jornada JÁ!

Sindnapi é reeleito para o Conselho Nacional de Saúde
Força 13 NOV 2024

Sindnapi é reeleito para o Conselho Nacional de Saúde

Confira a programação da Força Sindical no G20
Força 13 NOV 2024

Confira a programação da Força Sindical no G20

Trabalhadores falam sobre expectativa pelo fim da jornada 6×1 | SBT Brasil (12/11/24)
Força 13 NOV 2024

Trabalhadores falam sobre expectativa pelo fim da jornada 6×1 | SBT Brasil (12/11/24)

Redução da jornada JÁ!
Força 13 NOV 2024

Redução da jornada JÁ!

Luto no movimento sindical: Arnaldo Gonçalves presente!
Força 12 NOV 2024

Luto no movimento sindical: Arnaldo Gonçalves presente!

Cúpula do G20 altera expediente no SINPOSPETRO-RJ, serviços essenciais ficam de fora do feriado
Força 12 NOV 2024

Cúpula do G20 altera expediente no SINPOSPETRO-RJ, serviços essenciais ficam de fora do feriado

Sindicalistas apontam ‘avalanche’ de ‘maldades’ contra servidores na baixada santista
Força 12 NOV 2024

Sindicalistas apontam ‘avalanche’ de ‘maldades’ contra servidores na baixada santista

Proposta: Emenda Constitucional: Fim da Jornada de Trabalho 6 x 1
Força 11 NOV 2024

Proposta: Emenda Constitucional: Fim da Jornada de Trabalho 6 x 1

Sobre a PEC 6×1: o importante é reduzir a jornada de trabalho com a experiência dos sindicatos
Força 11 NOV 2024

Sobre a PEC 6×1: o importante é reduzir a jornada de trabalho com a experiência dos sindicatos

Aguarde! Carregando mais artigos...