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Campanha Salarial: Parceiros até que ponto?
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
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Apenas para constar, lembrei-me que no dia 4 de abril deste ano, todo o movimento sindical cerrou fileiras com os empresários em uma parceria contra a Desindustrialização e outras bandeiras em defesa da indústria nacional e da manutenção de empregos. Bacana!
Uma bela manifestação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que mobilizou milhares e milhares de trabalhadores e sindicatos das mais diversas categorias profissionais ouvindo discursos inflamados de Paulo Skaf (dentre outros dirigentes da FIESP), de Deputados Estaduais e Federais de vários partidos, de vereadores e representantes de todas as Centrais Sindicais.
Sem dúvida um ato muito bem organizado e que demonstrou as possibilidades existentes de interesses comuns entre o Capital e o Trabalho quando os mesmos trabalham pensando na coletividade (ainda quando os interesses individuais sejam distintos).
Pois bem: diante da própria situação do mercado internacional e um quadro de crise interna colocando-se de maneira forte naquele momento o Governo Federal achou de bom grado atender as reivindicações da parceria entre empresários e trabalhadores.
A redução do IPI para o setor automobilístico e para a chamada “Linha Branca”; subsídio de crédito para setores que investem em máquinas e construção civil; queda de juros; níveis mais elevados de “nacionalização” de diversos produto etc. Sem dúvida, todas medidas que garantiram à indústria maior competitividade, manutenção de lucros, de postos de trabalho e, consequentemente, um mercado consumidor aquecido, o que é de interesse de todos.
E então chegamos às vésperas de mais uma Campanha Salarial no setor metalúrgico. Diante da histórica choradeira patronal neste período me pergunto: e aquele bom exemplo de “Parceria”? Será que para os patrões as reivindicações dos trabalhadores era apenas a de manutenção de postos de trabalho? Será que ainda não entenderam que uma boa negociação na Campanha Salarial não garante apenas um bom aumento de salário, mas, sobretudo, maior produtividade e maiores lucros para eles próprios? Será que mais uma vez os sindicatos de trabalhadores vão ser chamados como “parceiros” apenas para socorrer a incompetência do patronato nacional?
Ora, sabemos que os índices de crescimento gerais do país não são dos mais animadores mas, certamente, os trabalhadores e seus sindicatos têm colaborado e muito para que, ao menos, não entremos em um rumo de colapso econômico diante dessa tal de economia de mercado globalizada.
Nossa consciência já foi colocada à prova várias vezes e jamais houve recusa do movimento sindical em negociar para o bem de todos os demais setores econômicos e sociais. Diante da História, acho que já passou da hora de cobrarmos nossa parte nesta tal de “parceria”. Vejamos como se desenvolve essa Campanha Salarial e até que ponto devemos ser “parceiros” para garantirmos nossos Direitos, nossa qualidade de vida e, claro, um bom reajuste salarial.
Marco Mota é sociólogo e assessor da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo