Reconheço o impacto do pronunciamento de Lula no 7 de setembro, o melhor depois de libertado, o mais coerente e que coloca os interesses dos trabalhadores no centro de qualquer saída da crise brasileira, mas continuo sentindo falta de “mil Janones” para criar uma opinião pública avassaladora em defesa do auxílio emergencial de 600 reais até dezembro e que denuncie seu corte pela metade, como fez a cartunista Laerte com a barra do trapézio serrada para milhões de trapezistas.
O deputado mineiro André Janones, que já foi do PT e do PSC e hoje é do Avante, tem feito barulho pela manutenção do auxílio. Acompanhando a reivindicação das centrais sindicais ele se destacou nas redes sociais como um “facilitador” para aqueles que tentavam obter o auxílio. Com o corte bolsonarista sua defesa intransigente do valor original transformou-o em fenômeno midiático que inspira exemplo e demonstra necessidade.
Exemplo e necessidade evidentes depois que uma cortina de silêncio caiu sobre o assunto, validando a aceitação do corte pelos impedimentos fiscalistas e inflacionários e pela insensibilidade com as agruras do povo.
Como os milhões que serão prejudicados não têm organizadamente voz ativa, dependem para convencer deputados e senadores de partidos políticos que os orientem, de formadores de opinião que exijam o auxílio, de movimentos sociais reivindicatórios e de agitadores capazes de bombar nas redes.
Mas até agora nenhum dos partidos políticos, de maneira institucional, posicionou-se firmemente pela continuidade do auxílio. Com a vigência da MP 1.000 e seus prazos basta ao Congresso Nacional fingir-se de morto para que o corte seja efetivo e dure até dezembro.
As centrais sindicais são as únicas instituições nacionais que perseveram na luta; elas precisam ser ajudadas para que o Congresso Nacional coloque imediatamente em discussão e votação a MP 1.000 para garantir 600 reais até dezembro e eliminar os obstáculos novos criados para sua obtenção.
João Guilherme Vargas Netto, assessor sindical