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São Paulo (SP): Trincheiras na web

segunda-feira, 27 de junho de 2011

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São Paulo (SP): Trincheiras na web

Sem partidos ou sindicatos, os brasileiros voltam às ruas em grandes manifestações convocadas pela internet

Por torpedos de celular, operários da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, compartilham insatisfações com as condições de trabalho no canteiro de obras. Em poucas horas, o queixume alastra-se e resulta em uma das maiores revoltas trabalhistas da história recente do País, com 54 ônibus incendiados e 70% do acampamento depredado. Isso em plena selva amazônica, a quilômetros de distância de qualquer sindicato ou sede de partido. Três meses depois, também sem lideranças formais, bombeiros no Rio de Janeiro promovem um motim em pleno quartel da corporação, para exigir melhores salários. Presos, recebem massivo apoio de familiares, amigos e uma legião de desconhecidos por meio da internet e constrangem o governador Sérgio Cabral. Na mesma semana, estudantes em Natal organizam por Twitter e Facebook manifestações contra a prefeita Micarela de Sousa (PV), levam 2 mil pessoas às ruas e montam acampamento no pátio da Câmara Municipal para pedir providências contra suspeitas de corrupção.

Os episódios não são isolados. Em São Paulo, protestos pelas causas mais diversas viraram praticamente programas culturais na agenda da semana. Desde março, a Avenida Paulista e suas adjacências já reuniram milhares de manifestas Vadias”, à liberdade de fumar maconha e à liberdade de pedir liberdade para fumar maconhaantes em prol das causas mais diversas, do fim da violência contra a mulher, com a “Marcha d. Até mesmo um abraço coletivo “contra as mais diversas formas de violência” ganhou as ruas, após convocação geral na internet, na quarta-feira 22.

Em comum o fato de as manifestações serem organizadas por meios eletrônicos, sem a tutela de partidos, sindicatos ou entidades estudantis e sem uma hierarquia que permita identificar lideranças. É como se o tradicional modelo de representação política, consolidado no século XX, não fosse mais adequado para os novos tempos e demandas. Em uma recente pesquisa Datafolha, feita em parceria com a agência de publicidade Box, 71% dos entrevistados afirmam ser possível fazer política sem intermediários, apenas por meio da internet. A tendência não é exclusividade brasileira, como se pôde observar nas manifestações convocadas por redes sociais que derrubaram ditadores do mundo árabe e paralisaram cidades na Espanha  em outras nações européias.

O que liga realidades tão distintas, segundo Henrique Antoun, especialistas em comunicação e transformação política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é que os movimentos, em geral, são formados essencialmente por um novo perfil de jovens, que muitas vezes, estão submetidos a condições precárias de estudo ou tralho (este cada vez mais descontínuo, sem garantias nem direitos consolidados), não têm casa própria e estão cansados de uma realidade de violência.

De acordo com o Datafolha, 71% dos internautas dizem ser possível fazer política sem intermediários

Conectado à internet e menos dependente de lideranças e da mídia para se manter informado, o público jovem reage a essa realidade por conta própria. “A sociedade de massa estava estruturada num sistema de representações. E era muita gente, não dava para falar, para manifestar opiniões. Todo mundo era muito parecido e as coisas discrepantes não interessavam”, diz o professor. Com as redes sociais, continua Antoun, não só foi eliminada a necessidade de alguém intermediar como também se criaram rejeições aos intermediadores.
O estudante de filosofia Fabrício Muriana, 26 anos, não filiado a partidos políticos ou movimentos sociais. Nem por isso deixa de ser um ativista. Participa de coletivos que reivindicam mais segurança para os ciclistas, de grupos que discutem a democratização das novas tecnologias, e integrou, recentemente, três grandes protestos na capital paulista. Marcou presença no churrasquinho de gente diferenciada, em Higienópolis, numa reação a uma associação de moradores que rejeitava uma estação de metrô no Bairro, juntou-se às feministas na Marcha das Vadias e ingressou as fileiras da chamada Marcha da Liberdade, convocada para protestar contra a representação policial à Marcha da Maconha. “Todos podem participar e debater em fóruns da internet. Você pode até ver a participação de sindicatos e movimentos sociais organizados nessas manifestações, mas nenhum deles se apropriado movimento”, diz Muriana.

O estudante destaca que uma das características dessa nova forma de mobilização é a sociedade produzida em rede pela internet, com a superação das barreiras territoriais. Exemplo disso, diz Muriana, foi a velocidade com que uma mensagem de apoio aos manifestantes espanhóis, gravada em Barcelona pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano, chegou aos internautas brasileiros com um vídeo postado no Facebook já com a legenda em português, trabalho de alguém que se dispôs a compartilhar o recado. “O vídeo teve mais de 70 mil visualizações e, com certeza, inspirou muitos jovens brasileiros a saírem da apatia.”

Para Lilian Starobinas, doutora em Educação e mestre em História Social pela USP, a auto-organização é notória em todos os casos, mas as motivações ainda precisam ser analisadas sob contextos diversos. “O caso do Egito foi uma mobilização contra um regime em que a liberdade de expressão era cerceada. Tinha um objetivo muito claro: derrubar aquele sistema”. Na Espanha, continua a especialista, não havia clareza de objetivos, mas antes um sinal de que o descrédito atingia o sistema de democracia representativa, e não só contra tiranos.

No Brasil, diz ela, a situação é diferente porque as mobilizações ocorrem num momento em que o País torna-se um ator da economia mundial. Neste caso, afirma Starobinas, o que se discute são as formas de inclusão em um processo de desenvolvimento econômico. “Esses jovens pedem uma reflexão sobre como serão colocados como sujeitos, e não objetos de política pública. Fiquei impressionada nas últimas semanas com o nível das discussões sobre o novo Código Florestal e o kit anti-homofobia. Eram posições defendidas de um modo muito articulado, mesmo do outro lado, com articulação das redes mais conservadoras.”

A velocidade dessas mobilizações constitui, atualmente, um dos principais desafios para as classes políticas. Exemplo disso ocorreu na Marcha da Maconha, em São Paulo, que terminou em confronto com a polícia. Preso durante a manifestação, o estudante de psicologia Lucas Gordon, 24 anos, avalia que, aperece do despreparo das autoridades, o ambiente para o debate é mais favorável hoje mídia tradicional está dando mais  espaço para esse tipo de discussão e, na internet praticamente não existe cerceramento e opinião. Prova disso é que, neste ano no mínimos 2 mil pessoas na Paulista. No anterior, não havia nem 500 no Ibirapuera.

Outra mobilização que acabou em confronto com a policia aconteceu em Vitória no Espírito Santo, onde estudantes protestam desde o inicio de janeiro contra o aumento na tarifa de ônibus. Em 2 de julho o Batalhão de Missões Especiais da policia entrou em choque com os manifestantes que tiveram de fugir das bombas lançadas pelos soldados e se refugiar no campus Universidade Federal. Vinte e oito pessoas acabaram detidas, entre elas o aluno de economia Tadeu Guerzet. Embora fique ao PSOL e militante Movimento  e Liberdade, Guerzet. Afirma que a manifestação não é tutelada por partidos, entidades estudantis. “Muitos jovens se reuniram em redes sociais de maneira autônoma para protestar e passaram a logar com os grupos políticos mais atualizados. Daí surgiu o movimento que apanhou as ruas. Apenas em uma comunidade do Orkut há mais de 1,7 mil integrantes acompanhando essa discussão”,  diz a estudante. “Mas o governo não está preparado para lidar com essa forma de organização. Quando vamos negociar, eles cem estar diante de um presidente indicado ou partido, com poder de imediata. Com os estudantes é diferente. Qualquer proposta precisa ser debatida e votada em assembléia geral.”
Antiga propulsora de movimentos de rua, a União Nacional dos Estudantes começa a sentir os ventos da mudança. Luis Felipe Maciel, diretor jurídico da UNE, admite que as novas mídias mudaram o perfil das manifestações e contrariam a impressão de que os jovens brasileiros não lutam. Por enquanto, a UNE, diz ele, se limita a acompanhar a onda divulgando seus eventos pelo Facebook e pelo Twitter. Segundo Gustavo Petta, ex-presidente da UNE, os novos líderes estudantis ainda precisam identificar as bandeiras que mobilizam os jovens e procurar dar um caráter “mais político” a essas manifestações. Sem isso, alerta, as ações não ganharão força para ser reconhecidas pelo Estado.
A mudança na relação de representação política não se restringe aos estudantes, como foi observado na greve dos bombeiros fluminenses e nas revoltas promovidas por operários de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres acompanhou rebeliões de trabalhadores em Pernambuco, Rondônia e Mato Grosso. Ele reconhece que, atualmente, as lideranças sindicais enfrentam dificuldades para acompanhar a velocidade das mobilizações on-line, mas lembra que todos os movimentos operários autônomos terminam em violência e ficam fora de controle. “A informação é rápida, mas muitas vezes chega distorcida. Essas manifestações não têm lideranças. Quando têm, elas são escolhidas na hora. Depois que virava bagunça, a gente chegava para os trabalhadores e perguntava: o que vocês querem? Por que pararam as obras? E nem pauta eles tinham”, relata. “O movimento em Jirau estourou com telefonemas, torpedos de celular. No meio da Amazônia, eles sabiam quanto os funcionários das obras lá de Suape (o porto de Pernambuco) estavam ganhando, quanto era a cesta básica. E ficavam revoltados porque achavam que ganhavam pouco.”

O secretário nacional de Mobilização do PT, Jorge Coelho, também sai em defesa das lideranças partidárias. Ele diz analisar os movimentos autônomos de forma positiva, mas prevê que o caminho natural das reivindicações passa pela estrutura partidária. “A internet contribuiu para que as pessoas encontrem pontos comuns entre elas. Os partidos não perderam importância nessas mobilizações. Os jovens é que, pela própria natureza, acham que não precisam de partidos”.

Para o professor Hatoun, apesar dessa aproximação, as ações articuladas pela internet vão acontecer sempre à revelia do poder público e dos políticos, apesar de conectados às redes sociais, só vão detectar os problemas quando o movimento tiver acontecido. “Algum político consegue se relacionar. Mas ele não é mais intermediador. A internet está detonando isso.”

Mesmo assim, a reação aos novos tempos pode ser percebida. A Secretaria Geral da Presidência da República definiu como prioridade para este ano a criação de um “portal de participação social”, destinado a receber demandas de movimentos sociais “desorganizados”, ou seja, que nascem espontaneamente pela internet. Enquanto isso, dois ex-presidentes foram escalados para fazer a ponte entre seus partidos e a juventude conectada. Fernando Henrique Cardoso deu a cara em recente programa de seu partido, o PSDB, conclamando os colegas tucanos a arrumarem alguma maneira de dialogar com o público jovem por meio da internet. Luiz Inácio Lula da Silva foi além: gravou mensagem a blogueiros e tuiteros pedindo ajuda nas discussões sobre reforma política. “Nossos companheiros e companheiras nas redes sociais podem contribuir muito na medida em que divulguem as coisas, que coloquem seus pensamentos, que a gente faça um debate muito forte’’, disse Lula.
Na avaliação do filósofo húngaro István Mészáros, apesar do barulho feito nas ruas, não devemos esperar mudanças imediatas ocasionadas por esta nova forma de mobilização que se alastra pelo mundo. “A juventude está extremamente desencanada com as perspectivas para o futuro. Mas os problemas do nosso sistema são tão grandes que levará algum tempo para que qualquer movimento surta efeito”. 

Fonte: Revista Carta Capital – Matheus Pichonelli e Rodrigo Martins

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