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A anta e o homem
terça-feira, 30 de junho de 2009
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O desenvolvimento econômico regional, a geração de emprego e renda não pode se limitar à indefinição do aeroporto ou à legislação ambiental que entrava o progresso: a receita é avançar com equilíbrio.
A Região Metropolitana do Vale do Aço está vivendo em compasso de espera. Mesmo com grandes projetos já aprovados, como a construção da nova Usina e as obras complementares, tudo parece estar amarrado à indefinição sobre onde será o novo aeroporto. Primeiro, cogitou-se Revés do Belém; depois, Belo Oriente; e, ultimamente, parece que será construído no vácuo – não se fala mais no assunto. O novo aeroporto tornou-se uma desculpa para que os demais projetos também caíssem no esquecimento e na estagnação.
Enquanto isso, a região padece com o desemprego, a paralisia econômica e a ausência de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável. Nas várias hipóteses colocadas para a construção do aeroporto, esbarrou-se em questões ambientais, na legislação, na defesa dos animais da Mata do Parque, nos limites impostos pelos ‘ecochatos’, enfim, numa enormidade de barreiras a impedir o avanço em nome dos macacos e das antas. Louvável a preocupação com o meio ambiente. Então, que levem o aeroporto para Governador Valadares, Inhapim, Iapu, mas liberam o desenvolvimento, a geração de emprego e renda.
Recentemente, o próprio presidente Lula reconheceu que no Brasil criou-se uma infinidade de leis que são muito mais eficazes para fiscalizar do que para executar, para construir. E citou o exemplo de um engenheiro do Dnit que ganha R$ 4 mil para fazer uma estrada, enquanto um auditor do Tribunal de Contas, de saída, ganha R$ 15 mil para fiscalizá-la. Ou seja, a máquina do Estado gasta mais para não fazer, do que para fazer.
O Vale do Aço vive situação parecida com a implantação da nova Usina. O projeto está aprovado, os recursos estão liberados, mas nada acontece. Não podemos esquecer que a crise econômica também tem papel preponderante no atraso das obras. Tem. Mas, como entendemos que este problema macroeconômico não é eterno, o quando antes os demais entraves e garranchos forem retirados do caminho do desenvolvimento, melhor.
Aliás, no contexto das crises econômicas, a primeira medida adotada para resolver os problemas de fluxo de caixa, são os demissões. Demite-se porque o mercado europeu parou de comprar aço. Demite-se porque os americanos sobretaxaram o aço brasileiro. Demite-se porque a siderurgia chinesa prosperou e vende aço mais barato. Enfim, demite-se por qualquer razão.
Os desempregados, que passam a compor o grande exército de mão de obra barata – quando não se tornam os párias da sociedade moderna – vão sofrer com as latas vazias, os filhos sem escola, sem segurança, com a falta de assistência médica, de lazer, de dignidade. Ora, é preciso em algum momento, ainda que de crise, colocar o homem em primeiro lugar.
É preciso pensar que o aeroporto é importante, o meio ambiente é imprescindível, as antas, onças e capivaras são necessárias ao equilíbrio do ecossistema; mas sem o homem nada disso importa.
No caso regional, mais do que nunca, trata-se de promover o desenvolvimento econômico equilibrado, sustentável, isto é, preocupado com o meio ambiente, mas fundamentalmente, preocupado com o homem. E rápido. Só assim será possível dar uma resposta à crise, à estagnação, e resgatar a grande dívida que se está contraindo com a sociedade.
(*) Luiz Carlos Miranda é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e diretor de Relações Públicas da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNTM).