Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
25 ABR 2024

Imagem do dia

8⁰ Congresso Internacional de Direito Sindical 8⁰ Congresso Internacional de Direito Sindical

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Artigos

Educação e Saúde: do discurso ao projeto concreto

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Artigos

Educação e Saúde: do discurso ao projeto concreto

Por: Paulo Kliass

A Presidenta Dilma apresentou uma lista cinco pactos, como forma de tentar pacificar o movimento que ganhou as ruas do País nas últimas semanas. Nesse conjunto havia dois temas que merecem ocupar posição de destaque em qualquer projeto sério de desenvolvimento nacional de longo prazo. Refiro-me aqui à saúde e à educação.

A tradição histórica do Brasil republicano sempre apresentou um modelo de organização social onde tais funções deveriam ser asseguradas pelo Estado.

No entanto, o processo político experimentado sob a ditadura militar provocou um fenômeno que muitos classificaram como sendo de uma “modernização conservadora”. Ainda que os governos que se sucederam a 1964 não tenham colocado explicitamente em marcha um projeto de “privatização radical” da saúde e da educação, o fato é que foi aberta uma larga avenida para que o setor pr ivado passasse a operar com muita mais liberdade nesses dois domínios.

O avanço das empresas na oferta desse tipo de serviço dava início ao processo de mercantilização da saúde e da educação, em meio a processo semelhante ocorrido junto a outras categorias de serviços públicos. O ensino básico e médio foi sendo paulatinamente tomado por escolas privadas, ao passo em que a rede pública ia sendo também sucateada e desmantelada. Falta de verbas, baixo investimento em equipamento e estrutura, redução relativa dos salários de professores, enfim muitas foram as causas do redirecionamento das camadas médias urbanas em busca de um ensino supostamente de melhor qualidade. No ensino superior, o processo foi mais lento, mas também ali foi aberto um universo enorme para a acumulação de capital com a negociação da nova mercadoria, a chamada “educação universitária”.

Na área da saúde deu-se fenômeno semelhante. O processo de deterior ação das condições de serviços públicos oferecidos à população combinou-se ao incremento da participação de empresas privadas na criação e na gestão de hospitais, laboratórios, clínicas, maternidades e toda a sorte de serviços associados ao setor. A contrapartida desse movimento inovador foi a consolidação de um ramo de grupos gerenciando as atividades de planos de saúde e de seguros de saúde, todos privados. Antes ocupado basicamente pelas instituições filantrópicas, o espaço privado passou a operar segundo a lógica explícita do capitalismo: geração de lucro como prioridade essencial.

O processo político da transição democrática, porém, veio a oferecer uma alternativa a essa tendência mercantilizante. O desenho final do modelo votado pela Assembleia Constituinte em 1988 consolidou um modelo de organização do País, onde saúde e educação ganham destaque especial, junto com outros serviços públicos. Passam a ser reconhecida s como direito de cidadania e uma obrigação do Estado perante a população.

O Título VIII da CF trata do conjunto dos dispositivos da Ordem Social. Dentre os inúmeros capítulos, seções e artigos, cabe destacar aqui os mais significativos a respeito desses itens que constam do pacto proposto por Dilma. O artigo 196 dá os contornos gerais da abordagem sobre a saúde, enquanto os seguintes tratam do sistema Único de Saúde, das responsabilidades compartilhadas entre União, Estados e Municípios e demais temas.

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

Já a educação é definida no artigo 205, enquanto os demais itens dessa seção definem atri buições dos entes federados segundo o tipo de ensino considerado, a gratuidade no âmbito do ensino público, a natureza do ensino universitário e outros aspectos do sistema educacional.

“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

A caracterização do modelo em termos políticos e institucionais é muito importante, mas não é condição suficiente para seu funcionamento. Outro aspecto essencial é o relativo à atribuição de fontes de recursos para a operação dos sistemas da saúde e da educação. E, desse ponto de vista, o Brasil conheceu um enorme retrocesso no período que se seguiu logo após a promulgação na Constituição cidadã. A partir de 1990, combinando com a e leição de Collor para a Presidência da República, consolidou-se o processo de liberalização e desregulamentação generalizadas. Era uma tentativa de desmonte do ente público – a implementação dos ajustes macroeconômicos impostos pelo FMI e aceitos pelos responsáveis pela política econômica dos sucessivos governos desde então.

Com isso, o Estado não apenas deixou de investir de forma adequada nas áreas que o texto constitucional considerava como obrigatoriedade, como também passou a organizar e estimular o ingresso da iniciativa nas mesmas: saúde e educação. Assim, a tensão pela disputa de dois projetos nacionais opostos se fazia presente a cada momento na dinâmica governamental e parlamentar, secundada pelo movimento social e suas entidades representativas.

De um lado, os que pautam sua ação pela crença de que os serviços públicos deveriam ser tratados como simples mercadorias, propugnando pela retirada do Estado da condiç ão de agente oferecedor desse tipo de bens. No lado oposto, aqueles que defendem a particularidade dos direitos listados na Constituição e a necessidade imperiosa da administração pública estar bem aparelhada para oferecer esse tipo de serviço à população.

E assim, a disputa política se ampliou e se generalizou. De maneira que sempre estava pautada na agenda política nacional alguma ameaça aos sistemas ou alguma reivindicação a respeito do desenho do modelo e da origem das verbas para sua oferta pela estrutura do Estado. Avançar ou recuar quanto às diretrizes colocadas na Constituição passou a ser a regra das divergências.

Os governantes de plantão sempre tentam alguma manobra para evitar o chamado “engessamento” do orçamento. Para tanto costumam lançar mão de expedientes como contingenciamento de recursos, cortes horizontais na atribuição das verbas, atraso na liberação das dotações para Estados e Municípios, dentre t antas outras esperteza no manejo da contabilidade pública. Como não havia definições explícitas ou quantitativas de como obter recursos para cumprir o que determina a Constituição, a lógica fiscalista acaba prevalecendo sobre as necessidades políticas e sobre a ordem social.

Os defensores de uma administração pública em condições de cumprir com suas atribuições constitucionais operam no sentido de estabelecer nos textos legais os limites mínimos para assegurar verbas para saúde e educação. É daí que surgem, portanto, as soluções do tipo “10% do PIB para educação” ou “regulamentação da Emenda 29”. Mas nem sempre esses movimentos obtêm êxito em suas movimentações. Pelo contrário, chegam a perder espaços importantes, como foi o caso da extinção da Contribuição Provisória para a Movimentação Financeira (CPMF), que servia como importante fonte de recursos para o sistema de saúde pública.

A polêmica na área da saúde foi parcialmente resolvida pela aprovação da lei Complementar n° 141, ainda no ano passado. Apesar do texto final estar muito distante das reais necessidades do setor, pelo menos o vácuo jurídico criado pela chamada Emenda Constitucional n° 29 foi preenchido. Essa emenda foi concebida em 2000 para dar uma solução provisória até 2004 – mas a coisa foi sendo empurrada com a barriga até a sanção da lei regulamentadora em janeiro de 2012. O fato mais decepcionante é que a regulamentação estabelece apenas os mínimos obrigatórios para Estados e Municípios, deixando a União com os percentuais do PIB dos anos anteriores.

Por outro lado, a conjuntura atual oferece também perspectivas mais otimistas para os defensores de um modelo fundado na oferta desses serviços pelo próprio setor público. A bandeira de “10% do PIB para educação” pode se transformar em realidade por meio da tramitação Plano Nacional de Educação (PNE) no Congres so Nacional. Aprovado pela Câmara dos Deputados, o texto se encontra em fase final de votação no Senado Federal.

Finalmente, os olhos todos se voltam para a votação do projeto de lei que destina os “royalties” do petróleo para a saúde e a educação, na proporção de 25% e 75%, respectivamente. Contra a orientação restritiva do Executivo, os parlamentares adotaram critérios mais amplos para a constituição dos recursos para esse fim. Como o projeto ainda depende de acertos em sua versão final nas votações entre Câmara e Senado, não se pode afirmar de forma definitiva os valores envolvidos.

Mas de qualquer maneira, isso significa um avanço em relação ao modelo estratégico de utilizar os recursos do pré-sal para um fundo que contribuirá para as futuras gerações de nosso País. É a possibilidade de sair do discurso para o projeto concreto. Agora, cabe muita atenção e sensibilidade para escapar das malandragens e encomendas d e última hora, para fins de cálculo dos valores. Por exemplo, é necessário evitar que sejam incorporadas manobras como a de considerar os recursos transferidos paras empresas privadas de ensino superior (bolsas do Prouni) ou as despesas realizadas com planos e seguros de saúde privados no cômputo mais geral de gastos orçamentários com educação e saúde públicas.

Uma vez assegurados os recursos, deve-se dar continuidade ao processo de melhoria da gestão e maior eficiência na prestação dos serviços públicos. Afinal, ninguém é ingênuo a ponto de achar que são razoáveis os níveis de qualidade da saúde e da educação tal como oferecidas atualmente pelo Estado à sociedade brasileira. Os desafios são muitos e as tarefas são enormes. Mas aí já se trata de tema para outro artigo.
 

Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

 

 

 

 

 

 

Cabeça de bacalhau
João Guilherme Vargas Netto

Cabeça de bacalhau

Dia Internacional da Enfermagem: 12 de maio
Jefferson Caproni

Dia Internacional da Enfermagem: 12 de maio

Não à desvinculação das aposentadorias
Milton Cavalo

Não à desvinculação das aposentadorias

Nossa solidariedade ao Rio Grande do Sul
Gilberto Almazan

Nossa solidariedade ao Rio Grande do Sul

É preciso rever as ações para fortalecer o movimento sindical
Eusébio Pinto Neto

É preciso rever as ações para fortalecer o movimento sindical

Não ao assédio moral
Paulo Ferrari

Não ao assédio moral

Um inovador primeiro passo
Clemente Ganz Lúcio

Um inovador primeiro passo

“Combustível do Futuro” e o futuro do trabalho
Sérgio Luiz Leite, Serginho

“Combustível do Futuro” e o futuro do trabalho

Dia Internacional da Mulher: Desafios e compromissos pela igualdade
Maria Auxiliadora

Dia Internacional da Mulher: Desafios e compromissos pela igualdade

Uma questão de gênero
Aparecida Evaristo

Uma questão de gênero

Avanços reais
João Passos

Avanços reais

Comerciário sindicalizado só tem a ganhar
Milton de Araújo

Comerciário sindicalizado só tem a ganhar

Mensagem a Marinho
Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Mensagem a Marinho

Apagão de responsabilidade
Nilton Souza da Silva, o Neco

Apagão de responsabilidade

Viva a república
Zoel Garcia Siqueira

Viva a república

Justiça do Rio condena posto de combustíveis a pagar aos funcionários as perdas de planos econômicos
Força 17 MAI 2024

Justiça do Rio condena posto de combustíveis a pagar aos funcionários as perdas de planos econômicos

Pirelli: metalúrgicos aprovam acordo com PLR de R$ 20 mil
Força 17 MAI 2024

Pirelli: metalúrgicos aprovam acordo com PLR de R$ 20 mil

Metalúrgicos da Renault/Horse dão 72hs para retomar negociações
Força 17 MAI 2024

Metalúrgicos da Renault/Horse dão 72hs para retomar negociações

Movimento sindical leva propostas de ajuda ao RS no Conselhão
Força 17 MAI 2024

Movimento sindical leva propostas de ajuda ao RS no Conselhão

Sintraf Petrolina celebra aniversário de dez anos com grande evento, nesta sexta (17)
Força 17 MAI 2024

Sintraf Petrolina celebra aniversário de dez anos com grande evento, nesta sexta (17)

SinSaúdeSP realiza homenagem aos “heróis da saúde”
Força 16 MAI 2024

SinSaúdeSP realiza homenagem aos “heróis da saúde”

Sindieventos Bahia participa de debate sobre trabalho na cultura
Força 16 MAI 2024

Sindieventos Bahia participa de debate sobre trabalho na cultura

SINPOSPETRO-RJ oferece tratamento ambulatorial de qualidade aos associados
Força 16 MAI 2024

SINPOSPETRO-RJ oferece tratamento ambulatorial de qualidade aos associados

Cabeça de bacalhau
Artigos 16 MAI 2024

Cabeça de bacalhau

Metalúrgicos da Ferrolene aprovam ação solidária ao povo do RS
Força 16 MAI 2024

Metalúrgicos da Ferrolene aprovam ação solidária ao povo do RS

Ferrolene: trabalhadores e empresa unidos em solidariedade ao povo do RS
Força 16 MAI 2024

Ferrolene: trabalhadores e empresa unidos em solidariedade ao povo do RS

Sindicato dos Metalúrgicos de SP e Força Sindical enviam água para o RS
Força 15 MAI 2024

Sindicato dos Metalúrgicos de SP e Força Sindical enviam água para o RS

Sindnapi auxilia idosos desabrigados no RS
Força 15 MAI 2024

Sindnapi auxilia idosos desabrigados no RS

Sindnapi ouve pré-candidatos a vereadores e prefeito
Força 15 MAI 2024

Sindnapi ouve pré-candidatos a vereadores e prefeito

Apoio à greve dos trabalhadores da Renault\Horse
Força 15 MAI 2024

Apoio à greve dos trabalhadores da Renault\Horse

Calamidade no RS: sindicalismo solidário!
Força 15 MAI 2024

Calamidade no RS: sindicalismo solidário!

Sindicalistas e Marinho debatem ações para ajudar o RS
Força 15 MAI 2024

Sindicalistas e Marinho debatem ações para ajudar o RS

Direto de Brasília!
Força 15 MAI 2024

Direto de Brasília!

Metalúrgicos da Ferrolene fazem ato nesta quarta (15)
Força 15 MAI 2024

Metalúrgicos da Ferrolene fazem ato nesta quarta (15)

Calamidade no RS: veja propostas das centrais sindicais entregues ao Ministro Marinho
Força 15 MAI 2024

Calamidade no RS: veja propostas das centrais sindicais entregues ao Ministro Marinho

Sindicalistas se reúnem com Senador Alcolumbre
Força 15 MAI 2024

Sindicalistas se reúnem com Senador Alcolumbre

Tabela de salários do município do RJ é distribuída nos postos
Força 15 MAI 2024

Tabela de salários do município do RJ é distribuída nos postos

Porto de Santos e região poderão ter mais auditores fiscais do trabalho
Força 14 MAI 2024

Porto de Santos e região poderão ter mais auditores fiscais do trabalho

Novas delegadas de fábrica do SMC são empossadas
Força 14 MAI 2024

Novas delegadas de fábrica do SMC são empossadas

Sindicalistas debatem fortalecimento sindical com liderança do PSD
Força 14 MAI 2024

Sindicalistas debatem fortalecimento sindical com liderança do PSD

Ônibus vazio no 6º dia de greve na Renault
Força 14 MAI 2024

Ônibus vazio no 6º dia de greve na Renault

Refeições Coletivas SP se mobiliza para ajudar população do RS
Força 14 MAI 2024

Refeições Coletivas SP se mobiliza para ajudar população do RS

Trabalhadores da Construção Civil SP conquistam aumento real
Força 14 MAI 2024

Trabalhadores da Construção Civil SP conquistam aumento real

MTE é parceiro estratégico do Pacto Global da ONU – Rede Brasil
Imprensa 14 MAI 2024

MTE é parceiro estratégico do Pacto Global da ONU – Rede Brasil

Borracheiros SP entregam doações às vitimas das chuvas no RS
Força 13 MAI 2024

Borracheiros SP entregam doações às vitimas das chuvas no RS

Aguarde! Carregando mais artigos...